Produção de aço bruto na América Latina caiu 8,9% no primeiro semestre

Dados da Alacero mostram a queda em relação ao mesmo período de 2022

Por Conexão Mineral 04/09/2023 - 21:07 hs
Foto: World Steel
Produção de aço bruto na América Latina caiu 8,9% no primeiro semestre
Segundo a Alacero, produção de aço bruto em junho totalizou 4,6 Mt

Dados da Associação Latino-Americana do Aço (Alacero) indicam que, em junho de 2023, a produção de aço bruto foi 14,8% inferior à de junho anterior, totalizando 4,6 Mt, e 7,4% inferior à de maio de 2023, demonstrando considerável desaceleração do setor ao longo do primeiro semestre do ano. 

No acumulado dos primeiros 6 meses de 2023, a produção ficou 8,9% abaixo do mesmo período do ano anterior. E quando analisado por trimestres, o segundo de 2023 ficou 10,4% abaixo do mesmo período do ano anterior e 0,3% abaixo do trimestre anterior. Foi o trimestre mais baixo desde o terceiro trimestre de 2020, apontam dados da Alacero.

Quanto à produção de laminados, em junho de 2023 foi de 4,2 Mt, dado 9,8% inferior a junho de 2022 e 6,8% inferior ao mês anterior. As cifras são explicadas pelos aços planos, que caíram 9,7% no mês, aços longos com 4,5% a menos e os tubos sem costura 2,6% abaixo do mês anterior. 

Já no primeiro semestre de 2023, o desempenho ficou 4,0% abaixo do mesmo período do ano anterior. E, quando analisado de forma trimestral, o segundo trimestre de 2023 ficou 5,4% abaixo do mesmo período do ano anterior e 1,5% abaixo do trimestre anterior. Foi o trimestre mais baixo desde o quarto trimestre de 2022. 

Termômetro do consumo setorial

Quanto aos setores consumidores de aço, o comportamento dos principais deles, em maio de 2023, envolve  alguns mostrando sinais modestos de melhoria e outros permanecendo em terreno negativo. No entanto, em comparação com os registros de abril, há uma melhoria geral em todos os segmentos. 

O setor da construção se recuperou em maio e saiu do vermelho. A atividade avançou 2,2% a/a durante o quinto mês do ano, o primeiro registro positivo desde agosto de 2022. A melhoria na região foi impulsionada pelo bom desempenho do México (+9,2% a/a) e da Colômbia (+2,1% ao ano). No entanto, os demais países retrocederam na comparação anual: Peru e Chile lideraram as quedas, com 11,0% e 8,5%, respectivamente (em ambos os casos com contrações mais profundas do que em abril de 2023), seguidos por Argentina (-2,9%) e Brasil (-2,5%). 

Apesar da leve melhoria apresentada durante maio de 2023, a produção industrial permanece em um contexto de estagnação desde setembro de 2022. A atividade manufatureira cresceu 1,0% a/a no quinto mês do ano e não consegue sair da sequência de altos e baixos pela qual passa desde o início do ano. O desempenho regional foi impulsionado pelo México e Brasil (ambos com avanços de 1,9% a/a) e, em menor medida, pela Argentina (+1,1%). A expansão desses países foi contraposta pelos recuos do Peru (-15,6% ao ano), Chile (-1,2%) e Colômbia (-1,0%). 

Dentro da indústria, o setor automotivo continua sendo o mais dinâmico, embora tenha se desacelerado recentemente. A produção avançou 3,7% a/a em junho de 2023, moderando seu desempenho em relação à taxa de crescimento de dois dígitos de maio de 2023 (+16,7% a/a); no sexto mês do ano, México e Argentina cresceram (+16,0% a/a e +10,6%), mas a expansão foi reduzida pela queda do Brasil (-7,1% a/a, acumulando 8 meses de altos e baixos na comparação anual). A produção de maquinário, por sua vez, permaneceu no vermelho, embora tenha reduzido o ritmo de queda anual (-0,3% em maio de 2023, em comparação com -5,5% em abril de 2023) devido ao bom desempenho do Chile (+13,6%), México (+3,5%), Peru (+2,9%) e Colômbia (+2,2%). Por fim, a fabricação de aparelhos de uso doméstico também reduziu sua contração (-1,5% a/a em maio contra -4,3% a/a no mês anterior), embora não tenha conseguido sair do terreno negativo no qual está praticamente imersa de forma contínua desde agosto de 2021; a expansão de 7,7% a/a no Brasil não foi suficiente para compensar a queda nos demais países.

Comercialização e consumo de aço

Com relação ao comércio de produtos laminados, em maio de 2023 as importações totalizaram 2,4 Mt, 12,2% acima de maio do ano anterior e 5,2% superior ao mês anterior. Nos 5 primeiros meses de 2023 ficou 0,3% abaixo do mesmo período do ano anterior, com 10,9 Mt total.   

As exportações, por sua vez, somaram 3,5 Mt no acumulado dos primeiros 5 meses de 2023, número que ficou 26,2% abaixo do mesmo período do ano anterior. Na comparação mensal,  com 596,4 mil toneladas exportadas em maio de 2023, ficou 37,1% abaixo do mesmo mês de 2022 e 9,5% inferior ao mês anterior.   

Com relação ao consumo de laminados, em maio de 2023 foram consumidas 6,2 Mt, valor que é 3,2% superior ao mês de maio anterior e 4,8% superior ao mês anterior. Destaque para os tubos sem costura, que aumentaram 26,4% no mês, enquanto os produtos longos aumentaram 6,6% e, por sua vez, os aços planos com 2,9% a mais. Com 29,6 Mt totais, os primeiros cinco primeiros meses de 2023 trouxeram um número de 1,1% acima do mesmo período do ano anterior.

“Incertezas globais e problemas estruturais marcam o cenário da economia na América Latina. A produção caiu, mas o consumo continua perto de 0 a 1% e há duas explicações para isso: um ajuste de estoque com plantas produzindo menos e exportações fracas. Esses indicadores nos mostram que o resto do ano será igual, a recuperação definitiva está prevista para 2024. As indústrias continuam a se desenvolver, mas, cada vez mais se faz essencial o nearshoring para seguir a recuperação dos setores consumidores de aço”, opina Alejandro Wagner, diretor executivo da Alacero.