Seminário internacional discute a rastreabilidade do ouro

Por Conexão Mineral 29/06/2022 - 21:01 hs
Foto: CPRM
Seminário internacional discute a rastreabilidade do ouro
Cerimônia de abertura do Seminário Internacional sobre Rastreabilidade de Ouro

Com o objetivo de reunir especialistas de diversos setores para tratar sobre a origem do ouro apreendido pelas instituições de combate ao crime, a Polícia Federal, em parceria com a Organização Internacional de Polícia Criminal – Interpol, realizou, na segunda-feira (27/6), o “Seminário Internacional sobre Rastreabilidade de Ouro – Programa Ouro Alvo”. O evento acontece na sede da Polícia Federal, em Brasília (DF), e contou com a participação do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM). A iniciativa, coordenada pelo chefe do Programa Ouro Alvo da Polícia Federal, Fábio Salvador, se estende até a próxima sexta-feira (01/07).

O presidente do SGB-CPRM, Esteves Colnago, participou da mesa de abertura e parabenizou a iniciativa da Polícia Federal ao desenvolver um banco de dados que possibilite a rastreabilidade do ouro lavrado, produzido ou oriundo de depósitos minerais brasileiros. “Esta é uma meta ousada e de extrema relevância para aumentar a fiabilidade da cadeia produtiva desta commodity, o que certamente aumentará a segurança do mercado consumidor, auxiliando na certificação de proveniência idônea”, destacou.

De acordo com a Polícia Federal a informação sobre a origem do bem mineral e sobre os tipos de substâncias tóxicas, que impactam o meio ambiente no processo de extração do ouro, são relevantes no processo penal para a tipificação dos crimes. A Instituição busca parcerias com instituições internacionais e do governo brasileiro para a criação de um banco de dados chamado de DNA do Ouro das Províncias Brasileiras. O objetivo é a criação do Passaporte Geoforense, do mesmo modo como é feito para o diamante.

O SGB-CPRM, como Instituto de Ciência e Pesquisa, tem papel fundamental no levantamento, pois, desde 2021, por meio do Projeto Ouro Brasil, desenvolve pesquisas sobre as províncias auríferas brasileiras. Além disso, trabalha na implementação de metodologia para estudos de proveniência, a partir de amostras de ouro de concentrados de bateia disponíveis no seu acervo.

O banco de dados das análises morfológicas e químicas dos grãos de ouro do acervo do SGB-CPRM, associados ao tratamento de dados estatísticos, se torna estratégico para uso e pesquisa do Estado brasileiro. “Esta ação vai ao encontro dos objetivos do Programa Ouro Alvo, executado pelo Instituto Nacional de Criminalística do Departamento de Polícia Federal”, complementou Esteves Colnago.

Projeto Ouro Brasil

A participação do Serviço Geológico do Brasil foi marcada pela apresentação do Projeto Ouro Brasil, iniciado em 2021, que fornecerá o panorama aurífero no Brasil e o desenvolverá novas abordagens na pesquisa mineral.

A geóloga do SGB-CPRM, Stella Bijos Guimarães, que coordena as atividades do projeto, destacou que o programa é dividido em quatro etapas: a primeira consiste na elaboração de um produto contendo banco de dados de ocorrências auríferas e uma relação das províncias e distritos auríferos brasileiros. A segunda traz um estudo da morfologia dos grãos de ouro coletados em concentrados de bateia. Nesse estudo, a equipe escreverá um artigo científico com a metodologia de rotina automatizada.

A terceira fase é marcada pela caracterização química do ouro para determinação de fonte e nível de erosão dos depósitos. Nessa parte, há a geração de informes de Recursos Minerais ou de artigos científicos. A quarta etapa, por fim, contará com avaliação do potencial mineral por meio de mapas de favorabilidade das províncias selecionadas como áreas-piloto.

“Mais de 3600 estações de concentrado de bateia com identificação de grãos de ouro, sendo 2742 com consistência locacional e mineralométrica, o equivalente a 30 mil partículas de ouro, foram alvos do projeto. Cerca de 75% do material está pronto para uso”, afirma a especialista.

A equipe é composta, também, pelos pesquisadores do SGB-CPRM Cassiano Castro, Douglas Silveira, Evandro Klein, Guilherme Ferreira, Joseneusa Brilhante, Marcelo Souza e Marcos Vinícius Ferreira.

Ainda de acordo com Stella Guimarães, os próximos passos para dar continuidade ao projeto são consolidar a metodologia analítica nas áreas-piloto - Tapajós, Rio Madeira e Quadrilátero Ferrífero -, para poder expandir as áreas de pesquisa, construção do banco de dados robusto e disponibilização das informações.

A geóloga pontuou, ainda, que o ouro é um importante recurso mineral estratégico para o país. A especialista citou os desafios enfrentados na exploração do ouro, como a alta demanda no mercado nas últimas décadas. As atividades de garimpo ilegais e falta de conhecimento geológico em áreas de impedimento legal são entraves para o desenvolvimento de políticas decisórias. Para ela, é importante que o Brasil faça novas descobertas de depósitos de ouro.

Também participaram do evento o diretor de Geologia e Recursos Minerais, Marcio Remédio, e o pesquisador em Geociências do SGB-CPRM, Evandro Klein, cuja palestra “Ambientes Geológicos e Sistemas Auríferos no Brasil”, foi destaque no Seminário.

O evento é promovido pelo Instituto Nacional de Criminalística do Departamento de Polícia Federal, em parceria com a Organização Internacional de Polícia Criminal – Interpol, e coordenado pelo chefe do Programa Ouro Alvo da Polícia Federal, perito Criminal Federal, Fábio Salvador.