Serviço Geológico do Brasil revela provável jazida de ametistas na fronteira do RS com o Uruguai

Os novos jazimentos indicados pela pesquisa estão situados na região de Santana do Livramento

Por Conexão Mineral 03/09/2021 - 16:31 hs
Foto: CPRM
Serviço Geológico do Brasil revela provável jazida de ametistas na fronteira do RS com o Uruguai
Geodos de ametista expostos no Geo Museu, em Gramado (RS)

Tudo indica que há uma jazida de ametistas sobre a camada de ágatas que são exploradas atualmente na fronteira sudoeste do Rio Grande do Sul, na divisa com o Uruguai. É o que sustenta um estudo lançado esta semana pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) em um evento no Geo Museu de Gramado. 

A ametista produzida no Uruguai é o produto que mais agrega valor ao comércio de gemas, sendo exportada como peças marteladas, próprias para a lapidação, ou como geodos cortados ao meio. O estudo do SGB-CPRM conclui que a província gemológica de Los Catalanes, explorada no país vizinho, tem continuidade no Brasil. 

O Rio Grande do Sul já explora jazimentos de ágata no Distrito Mineiro de Salto do Jacuí e possui depósitos de ametista localizados em Ametista do Sul, liderando a produção mundial desta gema. Os novos jazimentos indicados pela pesquisa estão situados na região de Santana do Livramento. Até o momento, a região gaúcha produz apenas ágatas, pedras de menor valor, já que não podem ser lapidadas como as ametistas, que têm maior valor agregado. 

A geóloga Magda Bergmann, responsável pelo estudo, afirma que do ponto de vista econômico é possível agregar a gema ametista à produção na região de Santana do Livramento, gerando um polo de tratamento dos materiais no local. Atualmente, a maior parte das gemas é exportada para países como a China. "O incentivo a uma cadeia produtiva local fomenta o comércio e o turismo de compras, duas atividades que já se destacam em Santana do Livramento", afirma a pesquisadora. A exploração de ametistas tem aproveitamento quase total, pois até os geodos menos coloridos são usados como peças decorativas. 

O levantamento geológico incluiu a descrição de três garimpos ativos e cinco garimpos inativos no Brasil, além do cadastro de 119 ocorrências minerais, das quais 86 foram descobertas pelos trabalhos do projeto e correspondem em sua maior parte a gemas em geodos. Os estudos realizados propõem um zoneamento das mineralizações e permitem afirmar que os garimpos produtores de ágata, no Brasil, têm uma grande chance de encontrar ametistas abaixo da zona onde ocorre a ágata, o que já foi constatado em um dos garimpos existentes. 

Descobrindo os jazimentos 

Os geólogos utilizaram técnicas de prospecção geofísica para realizar o estudo. O método do caminhamento elétrico permite separar rochas com diferente condutividade elétrica: enquanto as rochas duras e pouco porosas não alojam água e têm alta resistividade elétrica, as rochas porosas, que armazenam água, têm baixa resistividade e conduzem facilmente a corrente elétrica. 

A pesquisa constatou que, tanto no Uruguai quanto no Brasil, as ágatas estão alojadas em uma camada de solo que é facilmente explorada com retroescavadeiras. Já as ametistas, até então só observadas no Uruguai, situam-se em uma laje de rocha dura, fresca e resistiva, que fica logo abaixo da camada de ágatas. Em território brasileiro, os mineradores interrompem a exploração assim que atingem essa camada mais dura, onde agora o estudo sustenta que esteja o jazimento de ametistas. "Os perfis de condutividade elétrica permitem estimar a profundidade de cada uma das camadas, e fornecem aos mineradores os pontos mais rasos para averiguar a presença das ametistas na laje resistiva", explica a geóloga Magda. 

O Modelo Prospectivo para Ametista e Ágata na Fronteira Sudoeste do Rio Grande do Sul é fruto da Ação Avaliação dos Recursos Minerais do Programa Geologia, Mineração e Transformação Mineral do governo federal, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia. A ação consiste em um conjunto de projetos que visam estimular a pesquisa e a produção mineral brasileira, com foco adicional no suprimento de matérias primas essenciais para o desenvolvimento da infraestrutura e do agronegócio no Brasil. A pesquisa está disponível no banco de dados público do SGB-CPRM, o Rigeo. 



Perímetro pontilhado marca o limite inferior da área favorável para geodos em um dos maiores garimpos da região (ilustração: CPRM)