RHI Magnesita e Gerdau são pioneiras mundiais no uso de blockchain na indústria do aço

Chamado de Refrac Chain, o programa é customizado para medições de contratos de performance entre as duas empresas

Por Conexão Mineral 25/06/2021 - 13:35 hs
Foto: Divulgação
RHI Magnesita e Gerdau são pioneiras mundiais no uso de blockchain na indústria do aço
Programa Refrac Chain pode ser utilizado para outras aplicações na indústria

A segurança da informação é um ativo importante e que alcança cada vez mais espaço nas relações entre as empresas, sendo um diferencial para a consumação de negócios mais eficientes. E, se essas empresas são gigantes em seus segmentos e realizam alto volume de transações relevantes entre si, o uso da tecnologia de registros distribuídos pode ser um aliado fundamental. Foi nessa busca que a RHI Magnesita, empresa líder mundial no segmento de refratários, e a Gerdau, maior empresa brasileira produtora de aço, se uniram para dar um novo passo em sua relação comercial utilizando a tecnologia blockchain, por meio de uma plataforma exclusiva. O projeto, inédito no segmento mundial do aço, recebeu investimento conjunto de ambas as empresas.

Chamado de Refrac Chain, o programa é customizado para medições de contratos de performance entre RHI Magnesita e Gerdau, mas o contrato inteligente tem potencial para diversas outras aplicações na indústria. Todos os dados e ações dos participantes são registrados em blockchain e o cálculo financeiro da medição é realizado por um contrato inteligente. 

A estratégia permite a rastreabilidade dos processos e trocas de informações entre RHI Magnesita e Gerdau, usando mecanismos de consenso técnico e comercial pré-estabelecidos, ganhando agilidade na tomada de decisão e mais confiança para as operações entre as duas empresas reduzindo riscos de contraparte. Ambas as indústrias acreditam que este seja o primeiro passo para uma integração ainda maior de processos, aliada a outras tecnologias, no médio prazo. 

De acordo com os especialistas à frente do projeto, Antonio Hoffert e Gleisson de Assis, da Criptonomia, trata-se de um uso inédito do blockchain na indústria do aço e o novo software reúne interface técnica e comercial, em um mesmo ambiente. “É um terreno de confiança comum, que possui etapas de validação por diferentes atores de ambas as empresas e oferece espaço para registro de provas de imagens, documentos, textos, vídeos e até áudio, diminuindo os riscos nas transações, tornando o processo altamente auditável e aumentando a confiabilidade entre as companhias”, ressalta Hoffert. 

A transparência, segurança e exatidão dos dados são alguns dos pontos chave agregados pelo uso da plataforma. “É ainda uma substituição às práticas atuais, um primeiro passo para uma descentralização do registro da informação. A utilização do sistema configura uma assinatura digital na medida em que as partes acompanham e validam todas as etapas do processo e evita que problemas pontuais virem uma bola de neve”, completa o especialista. 

A plataforma começou a funcionar no início deste ano exclusivamente em uma unidade de produção de aço da Gerdau, em Minas Gerais. A intenção é que a partir daí possam expandir a solução para outras operações da empresa.

Para Vinicius Moura, gerente geral de Suprimentos da Gerdau, o projeto está alinhado ao objetivo da empresa de gerar valor para toda a cadeia do aço. “Buscamos soluções que atendam aos desafios do negócio, em parceria com nossos fornecedores, de forma a garantir a excelência operacional das nossas unidades. Essa iniciativa traz confiabilidade, velocidade e agilidade ao processo e reflete a jornada de transformação digital pela qual a Gerdau vem passando nos últimos anos”, afirma Moura.

Liderado pela RHI Magnesita e Gerdau, o projeto auxilia a empresa a medir a performance dos produtos refratários que são fornecidos para a produtora de aço. Para Celso Freitas, head global de Marketing e Soluções Digitais da RHI Magnesita, a partir do uso da plataforma, a empresa espera ter em mãos métricas ainda mais assertivas nas operações da sua cadeia de suprimentos. “A medição de performance refratária existe há mais de 20 anos e tem um processo que ainda utiliza cálculos em planilhas e troca de várias informações por e-mail.  Além de todos os outros ganhos já mencionados, de imediato teremos também uma redução considerável no trabalho repetitivo, o que acelera o processo, com mais transparência e a segurança das informações contratuais”, explica Freitas. 

O blockchain na indústria

A indústria 4.0 vem avançando sistematicamente no Brasil, garantindo a otimização e descentralização de processos, transformação digital com aumento de dispositivos inteligentes nas operações, investimentos, redução de custos e uma gestão mais eficiente para as empresas. Nesse cenário, acredita-se que um dos passos mais importantes dados nos últimos anos foi a chegada da tecnologia blockchain ao segmento, mesmo que ainda de forma tímida, ampliando a segurança, confiabilidade e rastreabilidade das informações. 

Tempo, risco e dinheiro são os pilares que movem os negócios e a partir do momento que as negociações acontecem de forma mais segura e transparente, os riscos são reduzidos, o tempo é poupado e as empresas ampliam seus lucros e oportunidades de novos negócios. Prova disso é que o setor financeiro foi o precursor do uso da tecnologia blockchain. De acordo com um estudo elaborado pelo Banco Santander, a utilização desta tecnologia pode reduzir em até 20 bilhões de dólares os custos operacionais, até 2022, no mercado global.

Outros segmentos que vêm utilizando positivamente o blockchain em suas operações são: logística e transportes, suprimentos, agricultura, automotivo, energia, entre outros.

Segundo Antônio Hoffert, o Refrac Chain já é a maior aplicação da tecnologia da indústria de base brasileira. “Com a expansão do projeto nos próximos 5 anos, a nossa meta é se tornar a maior aplicação industrial em Blockchain do mundo.”