CPRM dispõe de Cartas de Suscetibilidade de 526 municípios

Levantamento consiste numa modelagem matemática feita em escritório, que posteriormente é validada em trabalho de campo

Por Conexão Mineral 28/05/2021 - 10:52 hs
Foto: CPRM
CPRM dispõe de Cartas de Suscetibilidade de 526 municípios
Objetivo é preservar vidas gerando informações que o poder público use de forma preventiva

O Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM) firmou uma importante parceria para a formação de alunos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A convite da instituição de ensino, pesquisadores em Geociências lotados no Departamento de Gestão Territorial (DEGET) do estão ministrando aulas no Curso de Modelagem para Cartas de Suscetibilidade. A parceria é inédita e busca compartilhar a metodologia utilizada pelo SGB/CPRM nos estudos que avaliam, classificam e apontam as áreas suscetíveis a deslizamentos de massa e inundações no País.

As Cartas de Suscetibilidade é uma das ações de prevenção de desastres naturais executadas pelo Serviço Geológico do Brasil, que é uma empresa pública federal vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME). O trabalho tem o objetivo de preservar vidas por meio da geração de informações que devem ser utilizadas pelo poder público de forma preventiva, priorizando o planejamento territorial para evitar a formação de áreas de risco geológico devido à ocupação inadequada.

O geólogo Tiago Antonelli, que é chefe da Divisão de Geologia Aplicada (DIGEAP) do SGB-CPRM, explica que estes estudos geram informações sobre a elevação dos terrenos analisados, precipitações médias anuais e mensais da chuva, declividade, padrões de relevo, além de descrever os tipos de rochas da região. Antonelli esclarece que o levantamento consiste numa modelagem matemática feita em escritório, que posteriormente é validada em trabalho de campo pela equipe de pesquisadores que percorre toda a extensão dos municípios, com posterior conclusão em escritório. As áreas são classificadas em alta, média e baixa suscetibilidade a movimentos de massa e inundações.

"Esse curso representa, sem dúvidas, um reconhecimento da qualidade e inovação dos nossos processos e metodologias. O contato com a Universidade é essencial para que sejamos reconhecidos cada vez mais como uma instituição de pesquisa, que oferece serviços de relevância no que se refere à prevenção de desastres. O Curso abordará sobre metodologia que utilizamos nas modelagens das Cartas de Suscetibilidade a Movimentos de Massa e Inundação. Além disso, os alunos terão aulas com conceitos avançados de geoprocessamento”, diz Antonelli.

Segundo destaca o geólogo do SGB/CPRM, o curso aborda temas que não são usuais de serem abordados na academia. “Os alunos terão acesso a um conteúdo extremamente aplicado, em especial, no planejamento territorial dos municípios. Há 10 alunos matriculados, de diversas partes do país. Houveram mais pedidos de inscrição, mas como restringimos a turma para no máximo 10 alunos, muitos ficaram de fora, infelizmente. O curso tem carga horária de 30 horas, o que conferirá dois créditos aos alunos participantes”, acrescentou.

Além de Tiago Antonelli, estão ministrando aulas no curso os pesquisadores Denílson de Jesus, José Luiz Kepel, Raimundo Almir Costa.

Ao todo, no Brasil, o Serviço Geológico mapeou 526 municípios, onde foram contempladas mais de 88,8 milhões de pessoas. Todas as informações são públicas e foram entregues aos gestores das cidades mapeadas conforme a publicação no portal do SGB-CPRM. 

Mariana

A cidade de Mariana, em Minas Gerais, tem áreas com possibilidade de ocorrência de movimentos de massa, a exemplo de deslizamentos e as quedas de barreiras. É isto que aponta o estudo do Governo Federal publicados neste mês após a avaliação feita na cidade mineira. Além dos deslizamentos, o estudo também aponta as áreas suscetíveis a inundações, sendo uma importante ferramenta de prevenção de desastres e para o planejamento territorial.

Os movimentos de massa são os movimentos gravitacionais responsáveis pela mobilização de solo, sedimentos, vegetação ou rocha pela encosta abaixo, geralmente potencializados pela ação da água. A Carta de Suscetibilidade de Mariana considera as áreas urbanizadas e não urbanizadas, sendo classificadas com percentuais de alto, média ou baixa suscetibilidade a deslizamentos e inundações. De acordo com o estudo, a área não urbanizada do município – cerca de 812 km² - teve a suscetibilidade classificada entre alta (36,4%), média (31,54) e baixa (31,96), considerando a possibilidade de ocorrer deslizamentos, erosões, corrida de massa e rastejo. Em relação à área urbanizada – cerca de 8,62 km² - os percentuais de suscetibilidade correspondente aos locais analisados foram considerados como alto (9,62%), médio (29,79%) e baixo (60,59%).

Os pesquisadores avaliaram também as áreas suscetíveis a inundações, que têm percentuais inferiores em comparação aos movimentos de massa. Na área não urbanizada – que tem uma extensão de aproximadamente 182 km² - apenas 6,31% de alta suscetibilidade, 2,68% média suscetibilidade e 6,24% baixa. A área urbanizada foi classificada com alta (26,36%), média (7,11%) e baixa (4,52%) suscetibilidade. A análise dos pesquisadores considera a possiblidade de ocorrência de inundação, alagamento e assoreamento.

O geólogo Tiago Antonelli explica que o estudo realizado em Mariana aconteceu em dezembro do ano passado. Em campo, os pesquisadores puderam geraram informações sobre a elevação dos terrenos analisados, precipitações médias anuais e mensais da chuva, declividade, padrões de relevo, além de descrever os tipos de rochas da região. Antonelli esclarece que o levantamento consiste numa modelagem matemática feita em escritório, que posteriormente é validada em trabalho de campo pela equipe de pesquisadores que percorre toda a extensão dos municípios, com posterior conclusão em escritório.

O trabalho tem o objetivo de preservar vidas por meio da geração de informações que devem ser utilizadas pelo poder público de forma preventiva, priorizando o planejamento territorial para evitar a formação de áreas de risco geológico devido à ocupação inadequada. "A partir desta análise validada em campo, é possível nortear o crescimento urbano de forma adequada e segura, evitando vítimas, perdas e danos nos setores sociais, econômicos e de infraestrutura, como habitação, energia, saneamento, comércio, agricultura e serviços", explica o geólogo.

Os dados completos estão disponíveis no site da CPRM (clique aqui para acessar).