Artigo analisa evolução da geologia nas serras Demêni e Mocidade, em Roraima

Publicado no periódico do Serviço Geológico do Brasil, estudo discute idades das rochas de área remota e ínvia na Amazônia

Por Conexão Mineral 21/05/2021 - 14:13 hs
Foto: CPRM
Artigo analisa evolução da geologia nas serras Demêni e Mocidade, em Roraima
Geólogo Nelson Reis, de Manaus, em afloramento rochoso no rio Pacu, região da serra da Mocidade

O Journal of the Geological Survey of Brazil, periódico científico do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), publicou artigo que discute a idade de um grupo de rochas situadas em uma região remota da Amazônia, nas serras Demêni e Mocidade, no limite entre os Estados do Amazonas e Roraima. O estudo examinou seis amostras de granitos provenientes das serras Mocidade e Demêni. Os resultados possibilitaram o melhor entendimento da geologia da região, permitindo elaborar premissas sobre sua evolução geológica. 

O estudo assinala a coexistência de granitóides alcalinos e cálcio-alcalinos gerados em um mesmo ambiente tectônico e aborda três hipóteses: (1) O magmatismo cálcio-alcalino pode estar associado a processos relacionados à subducção; (2) As rochas granitóides foram formadas em um ambiente intracontinental sob condições tectônicas mais estáveis (pós-orogênicas) e, (3) As rochas granitóides foram formadas predominantemente por magmatismo alcalino em estabelecimento intraplaca.

De acordo com o pesquisador do SGB-CPRM Nelson Reis, a Amazônia e em particular, Roraima, permanecem sendo um grande palco aos mais variados estudos científicos. Os levantamentos geológicos, os quais a empresa desenvolve desde os anos 70, ainda mantêm restrições de conhecimento em áreas notadamente ínvias, caso específico para a serra da Mocidade, na atualidade, uma região que recobre parte da reserva indígena Ianomâmi, um Parque Nacional (ICMBio) e uma área do Exército. 

“A possibilidade de poder coletar amostras de rocha que possibilitem futuros estudos analíticos (químicos, geocronológicos, etc.) e cujos resultados venham contribuir ao conhecimento sobre a evolução da Amazônia Ocidental possibilita o avanço da ciência geológica”, destacou. 

Reis ressalta que o estudo abre perspectivas para outras investigações geológicas, ao fomentar a atualização cartográfica, as quais atenderão a muitos outros temas de interesse de órgãos gestores federais, estaduais e municipais, no que se refere ao conhecimento do subsolo e potencialidade mineral.

O geólogo relata que a pesquisa surgiu a partir de convite efetuado pelo Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), cujas atividades de campo tiveram o apoio e logística fornecidos pelo Exército Brasileiro, no translado por helicóptero do tipo Black Hawk a partir de Caracaraí, no setor sul de Roraima, além da montagem e suporte de acampamento para um grupo grande de biólogos em diversas áreas do conhecimento (fauna e flora). 

“A integração multidisciplinar junto a cientistas de variadas áreas do conhecimento e de diferentes instituições foi de fundamental importância, sendo promissora ao compartilhamento de informações que agregadas possibilitem uma melhor gestão de áreas institucionalizadas na Amazônia”, comentou.

A etapa de campo teve a duração de 15 dias e contou com a participação de 44 pessoas, incluindo pessoal de filmagem, de apoio (mateiros, cozinheiras) e cientistas, além de um médico.

A publicação refere-se a um domínio de rochas plutônicas cálcio-alcalinas que registram idades correlacionadas à SLIP Uatumã. As SLIPs ("Silicic Large Igneous Province”) são formadas por rochas intrusivas e extrusivas originadas em um ambiente tectônico que não apenas aqueles de dispersão de cadeia oceânica ou subducção (intracratônico, por exemplo).

O estudo reconhece a presença de termos plutônicos e subvulcânicos na mesma suíte, a qual registra assinatura geoquímica semelhante a da Suíte Água Branca do setor sudeste de Roraima. 


Apoio do Exército Brasileiro no transporte dos pesquisadores em helicóptero do tipo Black Hawk, a partir de Caracaraí, sul de Roraima (Foto: CPRM).

 


Vista do flanco sul da serra Mocidade em região ínvia da Amazônia Ocidental, com franca presença de cobertura florestal e cotas altimétricas próximas a 1000 metros em relação ao nível do mar (foto: CPRM). 

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