Mineradora Tabuleiro quer explorar terras-raras com tecnologia baiana

Empresa tem mais de 20 mil hectares e pesquisa novas tecnologias com o Senai Cimatec

Por Conexão Mineral 23/04/2021 - 14:39 hs
Foto: Mineradora Tabuleiro
Mineradora Tabuleiro quer explorar terras-raras com tecnologia baiana
Vista da Fazenda Tabuleiro, na Bahia, onde existem reservas de terras-raras

Um projeto pretende desenvolver tecnologia inédita e 100% baiana para explorar minerais que até então eram inviáveis no Estado. A empreitada, proposta pelos diretores da Mineradora Tabuleiro, Gabriel Keller, Sandro Santos e Janaina Marques, se sustenta na viabilidade técnica e econômica para separar minerais que fazem parte dos elementos terras-raras.

A Mineradora Tabuleiro é uma startup com foco na pesquisa e viabilização extrativa de minerais críticos e especiais no Estado da Bahia com mais de 20 mil hectares de área sob titularidade da empresa. Os minerais em destaque nas pesquisas são o grafite, terras-raras, barita, quartzo industrial e o quartzo rutilado (gema).

A mineradora já obteve licença para pesquisar e explorar as terras-raras em solo baiano. Dessa forma, o principal objetivo do projeto é desenvolver o processo de separação de terras raras. O negócio também pretende estender o uso da tecnologia desenvolvida a mineradores parceiros e cooperativas.

A empresa escolheu o Senai Cimatec baseado nas experiências bem-sucedidas em inovação e tecnologia da instituição, voltadas à indústria e mineração, algumas premiadas, para empresas como Petrobras e Nexa.

Os diretores acreditam na empreitada e já projetam a continuidade dos estudos visando o aproveitamento de rejeitos e exploração a seco para outras substâncias a partir de jazidas exclusivas na Bahia. “O projeto tende a ser um marco na mineração brasileira ao viabilizar a exploração de substâncias antes inviáveis tecnicamente e comercialmente”, afirma Sandro Santos, diretor da Mineradora Tabuleiro.

Reservas colocam País em 2º lugar no ranking mundial

Segundo dados de 2015 da USGS (agência científica do governo dos Estados Unidos), as reservas brasileiras de terras-raras podem chegar a 3,5 bilhões de toneladas, o que leva o País ao 2º lugar no ranking mundial. As terras-raras são matéria-prima na produção de superímãs, eletrônicos, equipamentos para defesa, indústria aeroespacial, energia, dentre outros segmentos.

Apesar de se posicionar como o segundo maior detentor de reservas de terras raras no mundo, o Brasil possui uma produção considerada baixa, estimada em 22 milhões de toneladas, de acordo com o Serviço Geológico dos EUA. A produção fica em torno de 2 mil toneladas por ano. 

Os desafios de extração e processamento implicam na disponibilidade limitada de conhecimentos técnicos para a separação dos minerais-minério contendo terras raras. A exploração começou ainda no século 19 no litoral brasileiro entre o norte do Rio de Janeiro e o sul da Bahia. 

O mercado mundial dos óxidos de terras raras é da ordem de US$ 5 bilhões anuais. A China desponta como maior concorrente do setor com 95% da produção mundial e dona de 37% das reservas conhecidas. O país possui esse domínio porque desde 1970 adotou a pesquisa e o desenvolvimento para extração e beneficiamento de terras raras como política de estado e segurança nacional.