Impacto dos rejeitos na calha do rio Paraopeba já atingia 63 km até a tarde de domingo
Vale já tem R$ 11 bilhões bloqueados pela Justiça e sanções de R$ 250 milhões
A Vale atualizou na noite de domingo (27/01) as informações sobre o rompimento da Barragem I da Mina do Córrego de Feijão, ocorrido no início da tarde de sexta-feira (25/01).
Até 2015, a Barragem I da Mina Córrego do Feijão, situada em
Brumadinho (MG), recebia rejeitos provenientes da produção da referida mina. A
partir de então, a mesma estava inativa (não recebia rejeitos), não tinha a
presença de lago e não existia nenhum outro tipo de atividade operacional em
andamento. Atualmente, encontrava-se em desenvolvimento o projeto de
descomissionamento da mesma.
A barragem foi construída em 1976, pela Ferteco Mineração
(adquirida pela Vale em 27 de abril de 2001), pelo método de alteamento a
montante. A altura da barragem era de 86 metros, o comprimento da crista de 720
metros. Os rejeitos dispostos ocupavam uma área de 249,5 mil m2 e o volume
disposto era de 11,7 milhões de m3.
A Barragem I possuía Declarações de Condição de Estabilidade
emitidas pela empresa TUV SUD do Brasil, empresa internacional especializada em
Geotecnia. As Declarações de Condição de Estabilidade foram emitidas em
13/06/18 e em 26/09/18, referentes aos processos de Revisão Periódica de
Segurança de Barragens e Inspeção Regular de Segurança de Barragens, respectivamente,
conforme determina a portaria DNPM 70.389/2017. A barragem possuía Fator de
Segurança de acordo com as boas práticas mundiais e acima da referência da
Norma Brasileira. Ambas as declarações de estabilidade mencionadas atestavam a
segurança física e hidráulica da barragem.
Sobre outras estruturas da Mina do Córrego de Feijão
As estruturas de pequeno porte IV e IV-A, da Mina do Córrego
de Feijão, foram atingidas pelo rejeito que vazou da Barragem I.
A Barragem VI, que contém 843,8 mil m3 de rejeito, passou
por inspeção logo após o rompimento da Barragem I e constatou-se que a
estrutura se se manteve dentro dos parâmetros de segurança exigidos, mesmo após
ter sofrido impacto dos rejeitos. A barragem está sendo monitorada
constantemente por dois radares, sendo um deles a cada 3 minutos com
acompanhamento em tempo real.
Por volta das 5h30 deste domingo, as sirenes de alerta forma
acionadas na região da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), ao detectar
aumento dos níveis de água nos instrumentos que monitoram a barragem VI. As
autoridades foram avisadas e, como medida preventiva, a comunidade da região
foi deslocada para os pontos de encontro determinados previamente pelo Plano de
Emergência. A empresa está realizando a drenagem da Barragem VI com o uso de
bombas, para reduzir a quantidade de água no reservatório, e o nível de água já
retornou aos parâmetros de segurança, reduzindo o nível de criticidade de 2
para 1. Com isso, as pessoas que haviam deixado as suas casas já foram
autorizadas a retornar e a Defesa Civil já pôde retomar as buscas por
desaparecidos na região.
As Barragens VII e Menezes I e II não sofreram qualquer impacto.
Foram atingidas as instalações de usina, o terminal de
carregamento, as oficinas de manutenção e os prédios administrativos da mina do
Córrego de Feijão, além de bloqueios no acesso rodoviário da mina até o
vilarejo Córrego do Feijão e o acesso da portaria até o trevo de Alberto
Flores.
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável (Semad) lavrou, na noite de sexta-feira (25/1), o primeiro auto de
fiscalização determinando a suspensão imediata de todas as atividades da
mineradora no local, ressalvadas as ações emergenciais. Além disso, a Semad
determinou abertura imediata de um canal onde houve acúmulo de sedimentos que
interrompem o fluxo natural do curso d'agua.
A mina do Córrego de Feijão pertence ao Complexo de
Paraopebas do Sistema Sul e produziu 7,8 Mt em 2017 e 8,5 Mt em 2018, de um
total do Complexo de Paraopebas de 26,3 Mt e 27,3 Mt, respectivamente.
As demais minas e plantas de processamento do Complexo de
Paraopebas não foram atingidas pela onda de rejeitos.
Sobre os impactos do rompimento e ações emergenciais
Até às 18 horas de 27 de janeiro de 2019, 361 pessoas foram
localizadas, 305 pessoas permanecem sem contato e há 16 vítimas fatais
atestadas pelo Instituto Médico Legal (IML). A Vale continua com foco total nos
esforços de socorro e apoio aos atingidos. O resgate e os atendimentos às
vítimas no local continuam sendo realizados pelo Corpo de Bombeiros e pela
Defesa Civil. Equipes da Vale trabalham, ininterruptamente, junto com o Corpo
de Bombeiros e Defesa Civil, no apoio ao resgate das vítimas. A empresa colocou
à disposição 15 torres de iluminação, retroescavadeiras, 40 ambulâncias, 800
leitos, um helicóptero para o apoio ao resgate e 1 milhão de litros de água
potável, 1,6 mil litros de água mineral para a comunidade, além de atendimento
em hospitais privados e mobilização de psicólogos. Desde o rompimento, a Vale
também disponibilizou 2 centros de suporte e canal telefônico 0800 para
atendimento aos atingidos. Nos centros de suporte, 60 empregados da empresa e voluntários
estão atuando na prestação de serviço de acolhimento e identificação 24 horas
por dia. Até às 10:00 de domingo, mais de 1,4 mil ligações tinham sido
atendidas e 1.000 pessoas realocadas para os centros de suporte.
Em relação ao deslocamento dos rejeitos, devido ao fato da barragem estar inativa, ou seja, não receber rejeitos, estes se encontravam relativamente secos e, em função disso, seu deslocamento foi limitado. O que está se deslocando na calha do rio é a água com nível de turbidez e cor alterados. Até o momento, 16:24 h do dia 27/01/19 a água atingiu o Km 63 a partir do ponto de rompimento da barragem. Entretanto, cabe ressaltar que os rejeitos ainda não estão estáveis, podendo haver movimentações com mais intensidade dependendo das condições climáticas, sobretudo eventuais chuvas sobre a região afetada. A Vale mobilizou equipes para o monitoramento na bacia do Rio Paraopeba, para resgastes da fauna e para apoio a medidas de saneamento.
Bloqueios de recursos e de imposição de
sanções administrativas
A Vale informa, nos termos da Instrução CVM nº 358/2002,
conforme posteriormente alterada, que foi intimada de decisões liminares
proferidas em requerimentos de tutela antecipada formulados pelo Ministério
Público do Estado de Minas Gerais e pelo Estado de Minas Gerais, em decorrência
do rompimento da barragem 1 da Mina do Córrego do Feijão. Os juízes de plantão
das comarcas de Belo Horizonte e Brumadinho acataram os pedidos de
indisponibilidade e bloqueio do valor total de R$11.000.000.000,00 (onze bilhões
de Reais) da Vale, e determinaram que a empresa adote as medidas necessárias
para garantir a estabilidade da barragem VI do Complexo Mina do Córrego do
Feijão, se responsabilize pelo acolhimento e integral assistência às pessoas
atingidas, dentre outras obrigações.
Adicionalmente, a Vale informa que foi intimada da imposição
de sanções administrativas pelo IBAMA e pelo Estado de Minas Gerais, no valor
de R$ 250.000.000 (duzentos e cinquenta milhões de Reais) e 27.590.773,62 UFMG
(aproximadamente R$ 99.139.167,77), respectivamente.
Deliberações pelo Conselho de Administração
Em função do rompimento da Barragem I da Mina do Córrego do
Feijão, em Brumadinho (MG), a Vale informa que o Conselho de Administração, em
reunião extraordinária, no dia 27.01.2019, deliberou as seguintes medidas de
governança:
Com fundamento no Art. 15, §1º do Estatuto Social,
constituiu dois Comitês Independentes de Assessoramento Extraordinário
("CIAE") ao Conselho de Administração, coordenados e compostos por
maioria de membros externos, independentes, de reputação ilibada e com
experiência nos temas de que se ocuparão, a serem indicadas pelo Conselho.
O primeiro Comitê Independente será dedicado ao
acompanhamento das providências destinadas à assistência às vítimas e à
recuperação da área atingida pelo rompimento da barragem, de modo a assegurar
que serão empregados todos os recursos necessários - "CIAE de Apoio e
Reparação".
O segundo Comitê Independente será dedicado à apuração das
causas e responsabilidades pelo rompimento da barragem - "CIAE de
Apuração".
Adicionalmente, deliberou as seguintes mudanças no sistema
de remuneração e incentivos:
1. A
suspensão da Política de Remuneração aos Acionistas e, consequentemente, o não
pagamento de dividendos e juros sobre o capital próprio, bem como qualquer
outra deliberação sobre recompra de ações de sua própria emissão; e
2. Suspensão
do pagamento de remuneração variável aos executivos.
O Conselho de Administração permanece em prontidão e
acompanhando a evolução dos eventos relativos ao rompimento da barragem e
tomará as medidas adicionais necessárias.
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