Tarifa dos EUA ameaça setor de rochas no Brasil e preocupa cadeia da construção americana

Associação Brasileira de Rochas Naturais atua junto a autoridades e parceiros internacionais para defender a competitividade das rochas brasileiras

Por Conexão Mineral 18/07/2025 - 19:24 hs
Foto: Karina Porto Firme/Centrorochas
Tarifa dos EUA ameaça setor de rochas no Brasil e preocupa cadeia da construção americana
Produtores de rochas naturais temem impacto da taxação anunciada pelos Estados Unidos

A Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas) segue liderando as articulações em defesa da cadeia produtiva que representa, conduzindo esforços institucionais e diplomáticos, no Brasil e no exterior, para mitigar os impactos da tarifa adicional de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros. Desde o anúncio da medida, no dia 09 de julho, estima-se que cerca de 60% dos embarques de rochas naturais brasileiras com destino ao mercado americano tenham sido suspensos. A previsão é que, até o fim do mês, o setor deixe de embarcar cerca de 1.200 contêineres, o que pode representar uma redução de até US$ 40 milhões nas exportações brasileiras de julho.

Como 95% dos contêineres com rochas naturais exportadas para os Estados Unidos partem do Espírito Santo, o impacto sobre o estado é especialmente significativo: estima-se que cerca de 1.140 contêineres deixem de ser embarcados em julho, o que pode representar uma perda de aproximadamente US$ 38 milhões nas exportações capixabas.

Impacto também preocupa entidades dos Estados Unidos

A gravidade da situação também foi reiterada pelo Natural Stone Institute (NSI), entidade norte-americana parceira da Centrorochas. Em recente comunicação, o CEO do instituto, Jim Hieb, destacou as articulações em andamento com a National Association of Home Builders (NAHB), uma das maiores entidades do setor nos EUA, que representa construtores, incorporadores, empreiteiros e empresas da cadeia da construção civil.

Segundo o NSI, a medida tarifária é igualmente preocupante para o mercado norte-americano, especialmente pelos impactos projetados sobre a indústria da construção. Entre os pontos destacados:

85% da pedra natural consumida nos EUA é importada;

O Brasil é o principal fornecedor, respondendo por 22,6% das importações, seguido pela Itália (19,1%)

Os materiais mais usados para bancadas são de origem brasileira;

Os EUA não têm produção doméstica suficiente para suprir a demanda;

A tarifa impactará mais de 12 mil fabricantes, 500 distribuidores e 200 mil empregos nos Estados Unidos.

O instituto e outras associações do setor norte-americano vão solicitar formalmente um adiamento de 90 dias na implementação da tarifa, prevista para 1º de agosto.

Representatividade e articulação junto ao Governo Federal

Desde o anúncio, a Centrorochas tem atuado diretamente junto às autoridades brasileiras. No último dia 15 de julho, participou da primeira reunião do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, liderado pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, em Brasília. A participação do setor de rochas foi viabilizada por articulação com o Governo do Espírito Santo.

Durante o encontro, a Associação Brasileira de Rochas Naturais defendeu que a diversificação de mercados, embora importante no longo prazo, não é viável no curto prazo, já que os materiais exportados aos EUA possuem especificidades técnicas, como a espessura das chapas, e não há outro mercado capaz de absorver o volume atual de exportações. O foco, neste momento, deve ser a negociação imediata entre os governos e a busca por prorrogação do prazo de vigência da tarifa.

O setor em números

A indústria brasileira de rochas naturais é responsável por aproximadamente 480 mil empregos diretos e indiretos em todo o país. Em 2024, as exportações do setor somaram US$ 1,26 bilhão, registrando um crescimento de 12,7% em relação ao ano anterior. Desse total, os Estados Unidos responderam por 56,3%, mantendo-se como principal destino das rochas brasileiras. Já no primeiro semestre de 2025, o segmento alcançou um recorde histórico, com US$ 426 milhões em vendas para o mercado norte-americano, alta de 24,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior.