CBA inaugura linha de tratamento de sucata na Metalex e finaliza centro de reciclagem para ampliar a produção de alumínio de baixo carbono

Produção de tarugo, que pode chegar a 90 mil toneladas/ano, terá até 80% de sucata na sua composição, contribuindo para a redução de emissões de gases do efeito estufa

Por Conexão Mineral 09/10/2023 - 21:04 hs
Foto: Metalatex
CBA inaugura linha de tratamento de sucata na Metalex e finaliza centro de reciclagem para ampliar a produção de alumínio de baixo carbono
O investimento permite aumentar a utilização de materiais recicláveis na produção de tarugos

A Cia. Brasileira de Alumínio (CBA) está ampliando sua atuação no segmento de reciclagem, com a inauguração, ocorrida em 03/10, de uma nova linha de tratamento de sucata na controlada Metalex, em Araçariguama (SP). A empresa também está concluindo o seu primeiro centro de reciclagem próprio.

O investimento permite aumentar a utilização de materiais recicláveis na produção de tarugos, com sucata de obsolescência e pós-consumo. Nesse processo, o alumínio é separado de outros componentes, como ferro físico, borracha, plástico, madeira, resíduos de construção civil, e preparado para manter o maior nível de pureza ao material reciclado.

“O tarugo produzido na Metalex terá até 80% de sucata em sua composição, reduzindo consumo de matéria-prima (bauxita), de energia e de emissões de gases do efeito estufa”, afirma Alexandre Vianna, Diretor do Negócio Primários, da CBA. Hoje, essa composição é de 65% de sucata, e 35% de alumínio primário. 

A linha de tratamento de sucata complementa o projeto da Companhia de ampliar a produção de tarugos de 75 mil para 90 mil toneladas/ano na Metalex, com a instalação de um forno Sidewell concluída no final de 2021. O investimento soma R$ 115 milhões e faz da CBA um player importante no segmento de transformação da sucata de alumínio na América Latina. 

Além dos ganhos em eficiência e produtividade, a redução de impactos ambientais será expressiva. O investimento vai garantir uma diminuição ainda maior das emissões de CO2e (toneladas de dióxido de carbono equivalente) na produção, o que significa a oferta de um tarugo mais sustentável. Segundo Vianna, a CBA pretende alcançar a meta de emissão de GEE de 1,4 t CO2e  na unidade Metalex para cada tonelada de alumínio produzido até 2030, de acordo com sua estratégia de descarbonização. Atualmente, na produção de alumínio mundial, as emissões de escopo 1 e 2 da cadeia do alumínio primário (da mineração até a fundição) correspondem a 15 toneladas de CO2 equivalente para cada tonelada de alumínio produzido. 

“Já na CBA, a média dos nossos produtos fundidos tem uma emissão de 2,97 t CO2e por tonelada, considerando o uso de 31% de sucata e 69% de alumínio primário de baixo carbono. Quando olhamos para a produção do alumínio líquido, que é uma das etapas eletrointensivas da produção, o índice de emissões da CBA já é quatro vezes menor que a média mundial, pois usamos energia de fontes totalmente renováveis, proveniente de 23 hidrelétricas e 2 parques eólicos, e implementamos tecnologias que contribuem significativamente com a redução”, destaca Vianna.

Centro de Reciclagem

Juntamente com a nova linha de tratamento de sucata, a CBA está reforçando as fontes de captação de sucata, com a criação do primeiro Centro de Reciclagem próprio, o que permitirá receber toda a gama de sucata pós-consumo (ou de obsolescência) existente no mercado, tanto nacional como internacional. 

“O Centro será importante para diversificar as fontes e os tipos de sucata a serem utilizadas para abastecer a totalidade da demanda, mas manteremos nossa estratégia de valorizar os demais canais”, informa Roseli Milagres, Diretora de Supply Chain e Compras, da CBA. De acordo com a executiva, a empresa usa na reciclagem a sucata de clientes e da própria CBA, proveniente do processo produtivo, além de sucata comprada no mercado, importada e adquirida via parcerias.

O Centro de Reciclagem irá receber a sucata e enviá-la, já preparada, não só para a Metalex usar na produção de tarugos, mas também para outras unidades da CBA, em Alumínio (SP) e de Itapissuma (PE), além da Alux do Brasil (SP), um dos principais fornecedores de alumínio secundário do país, com capacidade instalada de 46 mil toneladas por ano.  No ano passado, a CBA concluiu a aquisição da empresa para entrar no segmento de ligas de alumínio a partir de sucata, nos formatos líquidos ou lingote para setores automotivo, construção civil e utensílios domésticos.  

Estratégia 2030

Metalex e Alux do Brasil terão participação importante no plano estratégico da CBA para aumentar sua produção e preservar a competitividade, dentro de uma jornada de descarbonização e atuação social. Uma das principais metas da Estratégia ESG 2030 da CBA consiste na redução de 40% das emissões de gases do efeito estufa até o final desta década, considerando desde a etapa da mineração da bauxita até a fundição. Até o fim de 2022, a Companhia havia reduzido 26,1%, considerando 2019 como ano-base.  

“A demanda por alumínio reciclado está aumentando em diversos setores, como veículos, construção civil e energia elétrica, bem como pelo consumidor final, impulsionada por uma maior consciência das pessoas e governos”, observa Milagres. E razões não faltam. O alumínio é um metal com amplas vantagens no processo de transição energética, pelas suas características, como leveza, resistência, é um bom condutor de energia, entre outras. Pode ser reciclado infinitas vezes e, nesse processo, consome apenas 5% da energia quando comparado à produção do alumínio a partir da bauxita. 

Mas os benefícios do alumínio vão além. A reciclagem do metal permite geração de valor em toda a cadeia do alumínio e tem forte impacto social por meio do fomento desse mercado, atuando junto a cooperativas e associações, com geração de empregos. “Também queremos contribuir para a reciclagem ainda mais sustentável, ajudando na inclusão digital das empresas e promovendo alianças, porque juntos podemos fazer o mercado crescer e se desenvolver”, enfatiza Milagres.