Equinox acelera rumo a 1 milhão de onças de ouro e Brasil é visto como bom parceiro de investimentos

Com aquisições estratégicas e construção de novos projetos, empresa cresce rapidamente

Por Conexão Mineral 19/07/2022 - 22:25 hs
Foto: Conexão Mineral
Equinox acelera rumo a 1 milhão de onças de ouro e Brasil é visto como bom parceiro de investimentos
Christian Milau, CEO da Equinox Gold

A equinox Gold foi fundada no final de 2017 com o objetivo de produzir mais de 1 milhão de onças de ouro anualmente. Para atingir esse número em sua curta história de  menos de cinco anos, a mineradora canadense construiu três novas minas e investiu em uma série de aquisições estratégicas: mina Mesquite em 2018, Mineração Leagold em 2020 e a Premier Gold em 2021. Com isso, conseguiu ter sua produção baseada em sete minas e quatro países, reduzindo o risco patrimonial e geopolítico e expandindo suas reservas, atualmente em torno de 16 milhões de onças e recursos de 30 milhões de onças de ouro. A expectativa da empresa é produzir em 2022 cerca de 625 mil onças de ouro, com custo aproximado de US$ 1.370/onça. A mineradora tem quatro projetos de expansão e tem liquidez, segundo dados do final de abril, em torno de US$ 475 milhões.

Christian Milau, CEO da Equinox Gold, conta que a primeira experiência da empresa no Brasil foi com a Aurizona, no Maranhão. “Depois daquele projeto ficamos empolgados em trabalhar no Brasil. Descobrimos que as pessoas, os governos e os minerais eram realmente empolgantes. Santa Luz é a segunda mina construída aqui e devo dizer que tem sido um prazer trabalhar no Brasil novamente. Chegamos quando a economia estava mais fraca e ajudamos na criação de empregos, tanto nas comunidades locais como nos fornecedores de outros estados”, diz Milau. 

“Um dos nossos objetivos como empresa é ser uma das melhores mineradoras de ouro do mundo e vemos o Brasil como uma parte importante disso. Para nós, o Brasil é um lugar muito bom geologicamente falando. Há muitas possibilidades para construir mais minas explorando só nessa área de 70 km entre as minas Santa Luz e Fazenda, na Bahia. Essas duas minas responderão por metade da nossa produção no país, mas esperamos encontrar muitas outras”, adianta o CEO.  

Além das condições geológicas, a boa aceitação dos projetos pelas esferas de governo envolvidas é um outro ponto importante para atrair o investimento canadense. “Ouvindo o governo falar na cerimônia de inauguração de Santa Luz foi muito bom que estamos sendo acolhidos como empresa. Algumas vezes as empresas de mineração têm uma reputação ruim porque criamos uma certa marca na terra ao abrirmos uma cava a céu aberto que pode ser vista à distância. Mas nós também somos muito bons administradores dessa terra no longo prazo e sempre fazemos muito pela comunidade e temos muito orgulho disso. Nós geramos empregos, mas também esperamos que as pessoas aprendam habilidades e mesmo que a mina feche um dia teremos criado uma estrutura na região. Nós temos uma indústria responsável e ao encerrar a mina, a vegetação original é recomposta. Isso é algo que podemos ter muito orgulho, mas em alguns dos países que já trabalhamos não somos tão bem-vindos pelos governos e as comunidades locais como ocorre aqui. Esses cinco, seis anos no Brasil considero como uma experiência muito positiva e planejamos ficar aqui por um longo tempo”, afirma Milau.

Do ponto de vista do ambiente legal para o setor, o CEO da Equinox reconhece que “é complicado”, mas ressalta que observa mudanças importantes. “Nós percebemos que, nos últimos anos, os governos locais e federal fizeram mudanças positivas. O licenciamento para a exploração está um pouco mais fácil. O governo reconhece que o processo é complicado e quer que se torne mais atrativo para os investimentos estrangeiros. Nosso VP de Relações Institucionais, Cesar Torresini, tem um trabalho difícil e está sempre muito ocupado. É complicado, mas eu acho que ficou um pouco mais fácil”, pondera.

As complexas leis trabalhistas e de impostos no país também não assustam o CEO canadense. “Eu também estou me acostumando a esse cenário um pouco caótico, mas sentimos que as leis trabalhistas e as regulamentações de licenciamento se tornaram mais simples e mais atrativas para nós, como investidores. E até no meu país, o Canadá, o ambiente legal está mais difícil. Aqui os impostos podem ser complicados, então você precisa ter uma equipe forte e algumas vezes uma equipe grande, porque você tem que cumprir muitas exigências e estar sempre muito atualizado com as regras vigentes. Mas em relação aos impostos eu acho que  são razoáveis, então o Brasil está se tornando um lugar melhor para se fazer negócios nos últimos 5 a 6 anos. Eu sempre digo que o pêndulo pode balançar para os dois lados, mais complicado ou mais fácil, e o Brasil está se movimentando para a direção positiva, enquanto no Canadá está se movendo agora um pouco para o negativo”, comenta Milau.

Manter todos os custos sob controle é fundamental na indústria da mineração. “Esse é sempre um desafio na nossa indústria e é o mesmo em todos os países, porque podemos controlar apenas a nossa eficiência e os nossos custos, já que não controlamos o preço do ouro”, diz. Mas a equação para a conta fechar tem outros fatores a serem considerados. “Quando você vê o preço do ouro subindo, você tem inflação e quando o preço do ouro está descendo a inflação está caindo também. No momento está um pouco diferente e vemos o preço do ouro caindo e o petróleo subindo, então temos que ser mais eficientes e encontrar mais ouro. E outro aspecto que nos ajuda também é a valorização da moeda local. Quando o real brasileiro está forte, eleva o nosso custo e quando ele fica fraco isso nos ajuda. Então nos últimos cinco anos a moeda tem estado mais fraca e isso nos ajudou”, pondera.

Das minas em operação no Brasil, Aurizona, no Maranhão, tem o custo mais baixo e é a maior produtora. “As minas de grande escala como Aurizona têm uma vantagem nesses custos mais baixos, mas a nossa mina de menor custo será a Greenstone em Ontário, no Canadá, que ficará pronta no início de 2024 e será uma mina bem grande”, conta o executivo.

ESG em foco

“ESG tem se tornado meu tópico número um após a produção de ouro. É uma parte importante nas operações e também no nível corporativo no Canadá. Inclusão e diversidade são muito importantes. Temos 21% da força de trabalho composta por mulheres e geralmente isso é incomum na mineração. No Brasil, temos a maior proporção de mulheres e isso é muito bom, porque significa que o país está formando engenheiras e técnicas e a mineração está se tornando atrativa. Os aspectos ambientais e sociais são muito importantes e se não cuidarmos das relações sociais locais e a governança não teremos mais nenhum investidor para as minas”, afirma o CEO

Na área ambiental, energia e emissão de carbono são pontos prioritários para a empresa. “Na  mineração, provavelmente 80% a 90% da emissão de carbono provém dos grandes caminhões a diesel e também da energia que utilizamos para girar os nossos moinhos. Então uma das nossas maiores prioridades é estabelecer um prazo e um plano para zerar a emissão de carbono. Vamos trabalhar com os fabricantes de caminhões e esperamos encontrar formas de usar a eletricidade ou bateria para os caminhões. Outra coisa que nós estamos fazendo no Brasil é criar acordos com produtores Independentes de energia que geraram energia solar e eólica e isso vai reduzir a nossa emissão de carbono”, destaca Milau.

A gestão da água é outra questão destacada pelo CEO. A empresa construiu recentemente uma nova Estação de Tratamento de Água no Maranhão, região que sofreu com as enchentes,  deixando a comunidade sem água potável e acesso às estradas. A mineradora auxiliou as comunidades locais fornecendo água tratada. “Somos a principal indústria na região e queremos fazer parte ativa da comunidade. A gestão hídrica é muito importante e inclui  reciclar a água na operação, mas também gerir a situação quando as precipitações são muito fortes e geram  enchentes”, analisa.


Operações da Equinox Gold


Projeto Greenstone (60%) – Ontário - Canadá

Greenstone será um projeto de ouro de grande escala, baixo custo e longa vida em uma das melhores jurisdições de mineração. Espera-se que o projeto produza mais de 400.000 onças de ouro anualmente durante os primeiros cinco anos de sua vida inicial de 14 anos, com 60% atribuíveis à Equinox Gold. A construção começou no quarto trimestre de 2021, com a primeira produção de ouro prevista para o primeiro semestre de 2024.


Mina Mesquite – Califórnia – Estados Unidos

Mesquite é uma mina de ouro a céu aberto com produção de minério bruto extraído por lixiviação localizada na Califórnia, EUA, com um longo histórico de operações bem-sucedidas. Mesquite produziu cerca de 5 Moz de ouro desde que iniciou suas operações em 1985, com produção média anual de, aproximadamente, 130.000 onças. Mesquite produziu 137.500 onças de ouro em 2021 e espera-se que produza cerca de 125.000 onças de ouro em 2022.


Castle Mountain - Califórnia – Estados Unidos

Castle Mountain é uma mina de ouro a céu aberto com processamento por lixiviação localizada na Califórnia, EUA, que produziu mais de 1,3 Moz de ouro de 1992 a 2004. Com reservas de ouro significativas e um plano de expansão da Fase 2, espera se que Castle Mountain seja um ativo emblemático. A Equinox Gold concluiu a construção e iniciou a produção em Castle Mountain no quarto trimestre de 2020, com a expectativa de produzir cerca de 30.000 onças por ano durante as operações da Fase 1. 

Em março de 2021, a Equinox Gold divulgou os resultados de um estudo de viabilidade para a expansão planejada da Fase 2, que aumentará a produção para mais de 200.000 onças de ouro por ano e estenderá a vida útil total da mina para mais de 20 anos. O licenciamento da fase 2 começou no primeiro trimestre de 2022.


Complexo da Mina Los Filos – Guerrero - México

O Complexo da Mina Los Filos compreende atualmente três minas a céu aberto (Los Filos, Bermejal e Guadalupe) e duas minas subterrâneas (Los Filos e Bermejal). O minério de todos os depósitos é processado usando lixiviação. Los Filos produziu 145.000 onças de ouro em 2021 e espera-se que produza cerca de 170.000 onças de ouro em 2022. 

A Equinox Gold está expandindo a produção em Los Filos com o desenvolvimento da nova mina subterrânea de Bermejal. A empresa também está considerando a construção de uma nova planta de carbono em lixiviação para processar minério de alto teor, o que pode aumentar a produção para mais de 300.000 onças de ouro por ano.


Mina  Aurizona – Maranhão - Brasil

Aurizona é uma mina de ouro a céu aberto localizada no nordeste do Brasil que alcançou produção comercial no terceiro trimestre de 2019. Aurizona produziu 135.000 onças de ouro em 2021 e espera-se que produza cerca de 125.000 onças de ouro em 2022.

Em setembro de 2021, a Equinox Gold concluiu um estudo de pré-viabilidade positivo para uma expansão que prolongaria a vida útil da mina para 11 anos e aumentaria a produção anual minerando simultaneamente novos depósitos subterrâneos e satélites a céu aberto junto com a mina a céu aberto existente. Em 2022, a empresa avançará tanto no estudo de viabilidade quanto na permissão para o desenvolvimento subterrâneo.


Mina Santa Luz – Bahia - Brasil

A construção de Santa Luz foi concluída sem acidentes com afastamento. O primeiro ouro foi produzido em 30 de março de 2022 e a mina está aumentando a produção comercial. Ao operar na capacidade máxima, Santa Luz deverá produzir aproximadamente 100.000 onças de ouro anualmente, com potencial de expansão a partir do desenvolvimento subterrâneo. Durante 2022, com um ano parcial de produção, Santa Luz deverá produzir, aproximadamente, 80.000 onças de ouro.


Mina Fazenda – Bahia - Brasil

Fazenda está em operação há mais de 25 anos no distrito mineiro de Maria Preta, no Estado da Bahia, Brasil. Fazenda é principalmente uma operação subterrânea com minério processado em uma planta de carbono em lixiviação. Fazenda produziu 60.000 onças de ouro em 2021 e espera-se que produza em torno de 62.500 onças de ouro em 2022.


Mina RDM - Minas Gerais - Brasil 

A RDM é uma mina convencional a céu aberto com uma planta de carbono em lixiviação, localizada no Estado de Minas Gerais, Brasil. A RDM produziu 59.000 onças de ouro em 2021. As operações da RDM foram suspensas temporariamente em 15 de maio como resultado de um atraso de licença para um aumento da barragem de rejeitos. As operações devem ser retomadas integralmente em julho de 2022.

Fonte: Equinox Gold