Avanço da participação feminina na mineração é destaque na celebração do Dia Internacional da Mulher

Na semana em que se comemora o “Dia Internacional da Mulher – 8 de março”, o Ibram evidencia a importância da presença feminina no setor mineral e mostra um pouco sobre a presença feminina no instituto

Por Conexão Mineral 11/03/2022 - 19:29 hs
Foto: Ibram

Você já parou para pensar por que as mulheres ainda são minoria no setor da mineração? Seria porque mineração é um ambiente masculino? Ou que elas não se interessam pelas profissões relacionadas ao setor?

Essencial para o desenvolvimento econômico do Brasil, a mineração ainda é um universo predominantemente masculino. Embora seja clara a existência de uma intenção de mudança em prol da diversidade de gênero, os últimos dados apontam ainda uma tímida participação das mulheres. Mas há um esforço setorial para mudar este cenário. 

De acordo com o 1º Relatório de Progresso do Plano de Ação de Avanço das Mulheres na Indústria de Mineração, realizado pelo movimento Women In Mining Brasil (WIMBrasil), apenas 15% da força de trabalho é feminina, o que representa uma alta de dois pontos percentuais na comparação com 2020. A presença delas em conselhos executivos é de 11% e nos conselhos de administração, 16%.

Para Patrícia Procópio, presidente do WIMBrasil, muito ainda precisa ser feito para que a indústria seja percebida como um “imã de talentos”, oferecendo as condições necessárias para as aspirações profissionais femininas. “É preciso criar um novo olhar para o setor mineral brasileiro. Um olhar de respeito às mulheres em todos os níveis da organização e em todas as áreas de atuação, de estímulo aos ambientes de trabalho inclusivos e diversos, e que a participação das mulheres seja valorizada como fonte de expertise técnica, excelência operacional, inovação para promoção da nossa indústria global para um futuro plural, além de mais produtivo e sustentável”, analisa.

O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) defende e valoriza a inclusão das mulheres no mercado de trabalho da mineração. Um exemplo é que este é um dos 12 temas centrais da Agenda ESG da Mineração do Brasil e possui um Grupo de Trabalho (GT) específico. Esse GT trabalha a diversidade e a inclusão e, entre as diversas metas, pretende dobrar  a presença feminina nas empresas mineração esperando atingir o total de 34% de mulheres presentes nas organizações no Brasil e 35% delas ocupando posições de liderança até 2030.

O Ibram tem buscado atrair mais mineradoras que atuam em diversos segmentos minerários, de modo a agregar mais conhecimento às discussões em torno das metas de ESG do setor mineral. ESG significa Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança, em português). 

Diversibram: a Semana de Diversidade e Inclusão da Mineração do Brasil

O respeito e a valorização da diversidade são compromissos assumidos pela indústria mineral brasileira. As empresas de mineração associadas ao IBRAM entendem e defendem que o tema deve ser fator preponderante nos seus planos de negócios.

O Ibram vai realizar, entre os dias 14 e 18 de março, a Diversibram - Semana da Diversidade e Inclusão na Mineração do Brasil.  O evento será 100% virtual e gratuito. Oportunidade para debater ações desenvolvidas pelo setor em prol da inclusão e da diversidade, a importância do aumento do número de mulheres na mineração, os principais desafios na liderança inclusiva, estratégias de atração de talentos e muito mais. Informações adicionais e inscrições em https://ibram.org.br/evento/diversibram/

Mulheres no Ibram

O Instituto acredita na igualdade de gênero e empoderamento das mulheres no setor. Em seu quadro de funcionários, mais de 50% são mulheres. Confira abaixo algumas histórias das que trabalham no Ibram.

Cinthia Rodrigues - Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento

"Minha história com a mineração nasceu com a área de petróleo e gás. Com formação em Relações Internacionais, tive uma oportunidade no Rio de Janeiro de trabalhar na maior empresa do Brasil, na área internacional voltada a novos negócios. Foi ali o meu primeiro contato com o universo da indústria extrativa. Analisando países e empresas, pude ter contato com os mais variados stakeholders, além de produzir muito conteúdo voltado à Inteligência de Mercado. Foram cerca de 8 anos e, nesse período, cursei um MBA em Negócios Internacionais e Comércio Exterior. Em 2011 cheguei ao Ibram e mais uma vez a indústria extrativa estava presente na minha jornada profissional.

No Ibram passei a ter contato com a legislação minerária, com economia mineral, com diplomacia empresarial, e mais uma vez, com a riqueza da diversidade de stakeholders. Vivi e presenciei a evolução do Departamento Nacional de Produção Mineral para Agência Nacional de Mineração. Tive oportunidade de visitar operações de associados e feliz em ver, na prática, os desafios e casos de sucesso que apontamos nas notas técnicas do Instituto. Com bastante atuação na parte regulatória, concluí recentemente, em janeiro de 2022, uma pós-graduação em Direito da Mineração e atualmente curso um mestrado em Políticas Públicas. Adivinhem se não estou escrevendo sobre indústria extrativa? Adoro o que faço e me sinto uma das mulheres representantes da indústria da mineração brasileira."

Patrícia Lane - Secretária Executiva

"Entrei para o Ibram em 2018, após um encontro fortuito com o diretor de Comunicação, Paulo Henrique Soares, com quem eu havia trabalhado em Carajás (PA), na década de 90. Tenho mais de dez anos de atuação na área da mineração e já trabalhei em mineradoras em Minas Gerais e no Pará, que são associadas do Ibram.

Sou formada em Letras e Pedagogia, com Mestrado em Literatura de Expressão Inglesa e essa língua me proporcionou uma boa inserção no mercado. Na mineração, já trabalhei com diretores de vários países, como Irlanda do Norte, Índia, Austrália e Inglaterra, além, naturalmente, do Brasil. Na minha função de Secretária Executiva é muito comum termos a predominância de mulheres, e isso não muda no setor mineral. No entanto, a ampliação do conceito dessa função nos permitiu expandir capacidades e habilidades e contribuir melhor para o setor. Hoje percebo que a mineração é muito melhor com a atuação profissional e com o reconhecimento do potencial das mulheres. Ainda há trabalho a fazer e sou grata ao mundo da mineração pelo meu espaço conquistado."

Aline Nunes - Coordenadora de Assuntos Minerários

"Minha história na mineração começou na escolha do curso de Engenharia de Minas para prestar o vestibular. Não conhecia detalhadamente a área, e observo que essa pouca familiaridade com o setor mineral é comum na sociedade brasileira. Tinha muitas dúvidas, mas me apaixonei cada vez mais por esta indústria. Segui no mestrado e doutorado e atuei muito no ensino e na pesquisa. Orientei diversos alunos e sempre busquei estimular neles a mesma paixão que eu tenho pela mineração. Acho muito importante dar destaque a um fato: na trajetória do ensino, percebi o aumento significativo no número de mulheres no curso de engenharia de minas! Foi algo marcante para mim, pois aquilo confirmava meu pensamento e certeza de que há desafios na mineração em que as mulheres exercem e exercerão papel fundamental, como a mudança para um sistema mais sustentável.

Nosso setor é especial com tantas oportunidades e desafios. Assim, não me restringi ao meio acadêmico e sempre tive interação muito próxima com a indústria. Cheguei ao Ibram bem no início de 2020, com um cenário bastante desafiador: de diálogo e transparência com a sociedade. Minha experiência tem sido ímpar, e os ganhos para minha carreira são enormes. Por outro lado, tenho tido a oportunidade de contribuir com ações importantes de aproximação do setor com a sociedade, como o trabalho de me debruçar sobre os números do setor permitindo a demonstração de sua importância no desenvolvimento socioeconômico do país. Ainda destaco um projeto fantástico de desenvolvimento de aplicativo para informações de riscos, para população, órgãos de defesa e resposta e empreendedores. E estou sempre junto a mulheres grandiosas!"

Elena Renovato - Assessora Técnica

"Nascida em Brasília e criada na querida cidade de Belo Horizonte, vivi a história da mineração de pertinho, seja pelas visitas culturais às magníficas cidades históricas, ou mesmo em passeios pela capital mineira, que "respira" mineração.  Aos 23 anos voltei para Brasília e concluí formação em Relações Internacionais. Após alguns anos de trabalho na assessoria de Relações Exteriores do Banco Central, surgiu a oportunidade de integrar a equipe do Ibram. Não conhecia a mineração a fundo, mas sabia o principal: o quanto ela é importante para o nosso dia a dia. Em 2012, cheguei ao IBRAM para desempenhar a função de Secretária da Presidência. Após alguns anos, cursei especialização em Gestão Pública e continuei buscando cada vez mais me aprofundar em uma das principais áreas de atuação do Ibram, o campo político.

Em agosto de 2017, retornei da licença maternidade.  Esse retorno me trouxe uma grata surpresa, e veio acompanhado de desafios, superação, apoio e grandes oportunidades. Recebi uma nova inspiração: trabalhar como assessora técnica do Instituto. No ano seguinte, após muito trabalho e sob a condução da querida colega de Ibram Claudia Salles, iniciamos um processo de pesquisa e diálogo amplo e maduro sobre a pauta de equidade no setor.  Já no início de 2019, fui uma das fundadoras e diretoras voluntárias do movimento Women In Mining Brasil, cujo objetivo é o de ampliar o número de mulheres em cargos de liderança no setor. O movimento  se estabeleceu – com o apoio do Governo Canadense, do Reino Unido, e entidades internacionais. Sua pauta é a de equidade de gênero e o foco inicial era guiar as empresas para que aderissem aos compromissos voltados a construir estratégias para a retenção de talentos, fortalecimento das mulheres no campo acadêmico ligados ao STEM - Science, Technology, Engineering, and Mathematics, desconstrução de vieses inconscientes que influenciam diretamente tanto o ambiente de aprendizagem nas universidades quanto o ambiente de  trabalho, dentre outras. Eu estava, finalmente, em um lugar onde poderia agregar para a construção de um setor pujante, mas que ainda tinha muito espaço a ser trabalhado. 

Em 2019, iniciei um MBA em Relações Institucionais, para compreender melhor como poderia ajudar nessa incrível dinâmica de influência e relacionamento entre as instituições, governo e parlamento. Hoje posso dizer que minha jornada como mulher na mineração tem sido repleta de aprendizados, compreensão pelos meus pares e colegas de trabalho, apoio mútuo, e que a cada novo desafio encontro uma oportunidade de aprimoramento, de contribuir e transformar, para melhor, o futuro do mundo que eu desejo deixar para o meu filho."