Apesar de serem importantes para a formação profissional, os cursos de graduação não são suficientes para dar ao estudante a dimensão real dos desafios que irão encontrar no mercado de trabalho. Para preencher essa lacuna de forma a não prejudicar os estudos, diversas empresas e órgãos públicos investem em programas de estágio, que trazem benefícios tanto para os empregadores quanto para os estudantes. Tal modalidade de contratação garante direitos como carga horária reduzida, supervisão por profissional da mesma área de formação do estudante, férias e, no caso do estágio não obrigatório, vale-transporte e bolsa-auxílio.

Nas indústrias do Pará, os estagiários vão além do estereótipo de “pegar um cafezinho” ou “imprimir um documento”, participando ativamente da rotina de trabalho da empresa, com desafios práticos compatíveis com a carga horária e os níveis de conhecimento e experiência. Na Alcoa, em Juruti, Kamila Silva é um bom exemplo dessa realidade. Estudante de Engenharia de Computação da Universidade Federal do Pará (UFPA), a estagiária está a cinco meses na empresa e afirma que mesmo no sistema home office, por conta da pandemia, esta é uma experiência única porque reforça a formação acadêmica à prática profissional.

“Antes de entrar na Alcoa, eu achava que não ia fazer quase nada relacionada a essa área, mas é o foco que mais temos. Pra mim é muito positivo, porque no curso de Engenharia de Computação há várias áreas de atuação e uma boa parte eu posso aplicar no mercado de trabalho, como automação, internet das coisas, etc. Dá pra perceber que o que eu estou estudando não é em vão, pois tem aplicação prática”, explica Kamila.

Além do estágio, Kamila também é engajada em projetos de equidade de gênero: o Meninas na Engenharia e o Meninas na Computação, que estimulam a participação de mais mulheres na área de Ciências Exatas.

Para o gerente de Recursos Humanos da Alcoa Juruti, José Luiz Júnior, o estágio é uma oportunidade de desenvolvimento profissional e pessoal, já que os estudantes vivem experiências reais no cotidiano de uma grande empresa e tornam-se protagonistas, a partir dos desafios. “Nosso propósito é oferecer aos estudantes a experiência real do universo corporativo, mostrando a eles como é o trabalho na prática, por meio do desenvolvimento de atividades diferenciadas, preparando-os para o mercado de trabalho, a partir dos comportamentos e valores que fazem da Alcoa uma empresa íntegra e de excelência”, argumenta Luiz.      

Troca de experiências

O estágio também permite aos estudantes o contato com profissionais já inseridos no mercado de trabalho, o que gera uma troca rica e engrandecedora para quem ainda está só começando. É assim que a estudante de geologia Mayara Silva, de 24 anos, vê o seu estágio na Imerys, mineradora que atua na produção de caulim em Barcarena, Pará. Em sua rotina, Mayara auxilia, entre outras coisas, no monitoramento das bacias de rejeitos da empresa. “No estágio, o estudante tem a oportunidade de aprender sobre diversos assuntos, os quais nem sempre são vistos na faculdade, então nos agrega academicamente e profissionalmente, pois nos torna profissionais com um grande diferencial. O mais importante para mim é o contato com profissionais de diferentes áreas com grande experiência”.

Victor Soares tem 22 anos e estagia na área de geologia e planejamento de mina da Imerys, também destaca a multidisciplinaridade da experiência e o desenvolvimento de outras habilidades que não seriam aprendidas na faculdade. “Aqui, todo dia eu posso dizer que estou aprendendo algo, não só da minha área, mas a lidar com as pessoas e a auxiliar em outras áreas, como topografia e no I-Cube, que é uma área de melhoria contínua. O estágio nos prepara e mostra como a gente vai seguir com a nossa carreira”.