Mineração brasileira tem produção em alta e 92 projetos confirmados

Os investimentos previstos no período 2021-2025 chegam a cerca de US$ 38 bilhões

Por Conexão Mineral 23/04/2021 - 14:22 hs
Foto: Ibram

Os 92 projetos que integram o portfólio das mineradoras devem receber aportes no total aproximado de US$ 38 bilhões no período 2021-2025. Esses empreendimentos estão situados na área de influência regional de mais de 81 municípios, em vários Estados, e vão contribuir para movimentar a economia a longo prazo, com promoção a negócios em extensas cadeias produtivas, geração de empregos e arrecadação tributária, entre outros benefícios socioeconômicos.

Esta elevação no número de projetos e respectivos investimentos, entre outros fatores, fazem com que a mineração brasileira seja um dos principais setores a gerar contribuições positivas para sustentar indicadores econômicos neste período marcado, principalmente, pela pandemia, segundo mostram dados consolidados pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), que divulgou ontem (22/4) os dados referentes ao 1º trimestre de 2021.

Produção mineral cresce 15%

Em termos de produção mineral, a estimativa do Ibram para o 1º trimestre de 2021 é de crescimento de 15% em toneladas em relação a igual período de 2020. Em razão da variação cambial, da elevação dos preços de minérios no mercado internacional, entre outros fatores, o faturamento com a negociação/exportação da produção chegou a R$ 70 bilhões (exceto óleo e gás), um crescimento de 95% neste 1º trimestre do ano. O minério de ferro responde por 70% desse faturamento, o ouro por 11%, o cobre por 5% e a bauxita por 2%.

Setor recolhe o dobro de tributos

No 1º trimestre do ano a indústria da mineração recolheu quase 102% a mais em tributos totais do que no 1º trimestre de 2020: R$ 24 bilhões ante R$ 12 bilhões. Desse total de R$ 24 bilhões faz parte o royalty, chamado CFEM – Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais, cujo recolhimento pelas mineradoras cresceu de R$ 1 bilhão para R$ 2,1 bilhões, mais que o dobro, portanto, nos três primeiros meses deste ano. 

Exportação de minérios gera divisas expressivas

Mais uma vez, neste 1º trimestre o saldo da balança comercial de minérios (US$10,7 bilhões), que é o resultado de exportações menos importações, foi decisivo para um desempenho positivo da balança comercial brasileira, tendo o saldo Brasil sido de quase US$ 8 bilhões. Assim, a contribuição do saldo mineral para o saldo brasileiro, no 1º trimestre, foi de 135%. As exportações de minérios aumentaram 102%, em dólar.

“A mineração que o Ibram representa é aquela que atua com boas práticas voltadas a promover a sustentabilidade. Nosso setor mostra, inclusive em números, que é essencial e estratégico para o Brasil vislumbrar a superação dos imensos desafios impostos, em especial, pela pandemia, quando a economia mundial ainda apresenta sinais de fragilidade”, diz Flávio Ottoni Penido, diretor-presidente do Ibram.

Flávio Penido ressalta que a mineração passa por um ciclo ascendente, tanto em seu desempenho quanto na geração de benefícios para a nação como um todo. É, segundo ele, o momento ideal de o país criar melhores condições para que a atividade legalizada possa se expandir. “Quando a mineração está em um ciclo positivo ela assegura insumos e impulsiona negócios para milhares de empresas de todos os portes e de praticamente todos os segmentos, o que é extremamente positivo para a economia nacional”, afirma. “Os dados que divulgamos mostram que a sociedade deve enxergar a mineração como uma parceira para o desenvolvimento socioeconômico perene do país”, acrescenta.

Mais de 11 mil empregos diretos 

Com base em dados oficiais do governo, divulgados em 15 de abril, o setor mineral criou cerca de 11 mil novos empregos diretos, no 1º trimestre de 2021, ou seja, 6% a mais do que no 1º trimestre de 2020. As vagas diretas abertas nas mineradoras geram empregos indiretos da ordem de 1 para 11 ao longo das cadeias produtivas, informa o Ibram.

Apoio à sociedade contra pandemia

O setor mineral segue como um dos mais atuantes para apoiar a população brasileira na luta contra a pandemia. Desde o ano passado, o Ibram acompanha as ações das mineradoras associadas e calcula que tais iniciativas superem a casa do R$ 1 bilhão. Recentemente, por exemplo, uma das maiores do setor participou de um pool de empresas para importar kits médicos utilizados em procedimentos de intubação de pacientes nos hospitais. Outras seguem apoiando as comunidades próximas às minas, entre outras regiões. 

“Passados pouco mais de um ano do início da pandemia, o desempenho registrado no 1º trimestre de 2021 é mais uma prova do acerto de a indústria da mineração ter tomado a decisão – logo nos primeiros meses de 2020 – de privilegiar ações em prol da saúde e da segurança das pessoas, tanto no ambiente de trabalho como no entorno das operações minerárias”, avalia Wilson Brumer, presidente do Conselho Diretor do Ibram. “Ao ser comprovadamente viável manter a produção em um clima de plena segurança, o setor tem conseguido compartilhar os benefícios resultantes com toda a sociedade brasileira, exemplificados por meio da elevação no recolhimento de tributos, na criação – e manutenção de empregos –, na geração de negócios para empresas de vários setores e também na multiplicação das divisas para o país”, completa.

Os dois dirigentes dizem que a vacinação em massa da população está avançando e associada à manutenção de medidas protetivas (home office para diversas funções e grupos de risco, distanciamento social, uso de máscaras em todos os ambientes, higienização, entre outras), é a melhor estratégia para o Brasil mudar o cenário preocupante causado pela pandemia do novo coronavírus.



Variação de câmbio e de preços influenciam faturamento


Fonte: ANM/Elaboração Ibram

O faturamento da indústria da mineração no 1º trimestre de 2021, sobre uma produção comercializada de 227 milhões de toneladas, foi de R$ 70 bilhões, uma elevação de 95%, em razão de vários fatores, como a variação cambial e a valorização dos preços internacionais de minérios. A taxa cambial média subiu de US$ 4,46 para US$ 5,47 do 1º trimestre de 2020 para o deste ano. Já a média de preços do minério de ferro – item mais exportado pelo setor mineral – quase dobrou: variou de US$ 88,97 a tonelada para US$ 166,88 a tonelada. Outras substâncias minerais também observaram elevação de preços: alumínio 23,7%; cobre 50,5%; estanho 55,8%.

Faturamento por Estado 

Minas Gerais apresentou maior variação no faturamento no 1º trimestre de 2021 em relação ao 1º trimestre de 2020: 118% totalizando R$ 28 bilhões, o que significa 40% do total. Em seguida vieram Pará com 94% e R$ 31 bilhões (44% do total); Bahia com 94% e R$ 2 bilhões; Mato Grosso com 90% e R$ 1,4 bilhão; Goiás com 47% e R$ 1,8 bilhão; São Paulo com 19% e R$ 1,3 bilhão.

Faturamento por substância mineral

O minério de ferro observou a maior variação em faturamento: 118% totalizando R$ 49 bilhões. Em seguida vieram ouro com variação de 85% e faturamento de R$ 7,5 bilhões; cobre com 67% e R$ 3,8 bilhões; bauxita com 27% e R$ 1,4 bilhão; granito com 51% e R$ 1 bilhão; calcário dolomítico com 50% e R$ 900 milhões.

Mineração expande recolhimento de tributos em 102%


Fonte: ANM/Elaboração Ibram

No primeiro trimestre, o setor repassou aos cofres públicos R$ 24,2 bilhões ante R$ 12 bilhões no 1º trimestre de 2020, incluindo a CFEM, uma variação de quase 102%. 

Recolhimento de CFEM cresce 103%

O recolhimento de CFEM observou elevação de 103%, passando de R$ 1 bilhão para R$ 2,1 bilhões. O Pará registrou o maior recolhimento de CFEM: R$ 1 bilhão com elevação de 95% em relação ao 1º trimestre de 2020. Em seguida vieram: Minas Gerais com R$ 881 milhões (+124%); Bahia com R$ 35 milhões (+105%); Goiás com R$ 35 milhões (+45%); Mato Grosso com R$ 22 milhões (+75%). O minério de ferro foi responsável pelo maior recolhimento de CFEM: R$ 1,7 bilhão (+117% em relação ao 1º trimestre de 2020). Em seguida vieram: ouro com R$ 113 milhões (+68%); cobre com R$ 76 milhões (+68%); bauxita com R$ 41 milhões (+30%).

Contribuição de 135% do saldo mineral para o saldo da balança comercial

As importações de minérios totalizaram US$ 1,5 bilhão e as exportações US$ 12 bilhões. Isso significa que o saldo comercial mineral foi de US$ 10,7 bilhões, resultado 87% acima do registrado no 1º trimestre de 2020. Este valor é maior do que o saldo total da balança comercial brasileira no 1º trimestre do ano (cerca de US$ 8 bilhões), conforme a tabela a seguir.


Assim, o saldo mineral contribuiu com 135% para o saldo comercial Brasil no período, conforme o gráfico a seguir (em bilhões de US$). 


As exportações de minérios representaram quase 22% das exportações brasileiras, em dólar. O minério de ferro observou crescimento na exportação em toneladas (+16,6%) e em dólar (+102%): 81,3 milhões de toneladas e US$ 9,3 bilhões de faturamento com a exportação. A exportação de ouro foi de 23,6 toneladas (+3%) com faturamento de US$ 1,2 bilhão (+25%). O faturamento da exportação de cobre foi de US$ 713 milhões, uma variação positiva de 57% em dólar; em toneladas houve crescimento de 19%. O faturamento da exportação de pedras e revestimentos foi de US$ 262 milhões, uma variação positiva de 31% em dólar; em toneladas houve crescimento de 19%. O faturamento da exportação de nióbio foi de US$ 398 milhões, uma variação negativa de 6% em dólar; em toneladas houve decréscimo de 5%. O faturamento da exportação de manganês foi de US$ 55 milhões, uma variação negativa de 41% em dólar; em toneladas houve redução de 35%. O faturamento da exportação de alumínio foi de US$ 46 milhões, uma variação negativa de 6% em dólar; em toneladas houve crescimento de 45%. O faturamento da exportação de caulim foi de US$ 39 milhões, uma variação negativa de 7% em dólar; em toneladas houve queda de 12%.

Nas importações de minérios foram investidos US$ 577 milhões para a compra de potássio, 18% a mais em dólar e 41% a mais em toneladas do que no 1º trimestre de 2020. Outro minério relevante para as importações é o carvão mineral: US$ 462 milhões, 3% a mais em dólar e 14% a mais em toneladas.

Investimentos da mineração

A evolução dos investimentos apurados pelo IBRAM junto às mineradoras para períodos quinquenais tem se mantido estável nos últimos meses na casa dos US$ 38 bilhões. Este valor total leva em conta os investimentos que vão sendo realizados – e assim deixam de ser contabilizados nesta apuração – e a entrada de novos projetos, ou seja, a estabilidade no valor em US$ 38 bilhões é positiva, uma vez que representa a atração de mais aportes para o setor entre 2021-2025. Os gráficos a seguir mostram a participação nos investimentos por estado e por substância mineral.


Os maiores aportes serão para mineração de ferro: US$ 15,4 bilhões ou 42% do total; bauxita: US$ 8,2 bilhões ou 22%; fertilizantes: US$ 6 bilhões ou 17%. Cabe destacar a parcela, que deve aumentar ainda mais, em relação aos investimentos previstos para o descomissionamento de barragens a montante e soluções tecnológicas para disposição a seco de rejeitos. Até o momento, os valores previstos são da ordem de US$ 2,2 bilhões para este fim – já incluídos nos US$ 38 bilhões informados para os investimentos totais do setor. O IBRAM ressalta que mineradoras têm anunciado ao longo dos últimos meses o descomissionamento de suas barragens a montante.

Mais de 11 mil empregos diretos

Desde o 1º trimestre de 2020 até o 1º trimestre de 2021, a indústria da mineração manteve empregos e também criou mais 11.126 vagas, 6% a mais, portanto, totalizando 186.610 empregos diretos. Esse número é bastante representativo, uma vez que essa indústria possui fator multiplicador de 1:11 ao longo das cadeias produtivas.