Samarco se reinventa e reinicia a produção de pelotas

Empresa mudou seus processos, investiu em novo sistema de filtragem e monitoramento das operações em tempo real

Por Conexão Mineral 24/12/2020 - 11:26 hs
Foto: Otávio Honorato
Samarco se reinventa e reinicia a produção de pelotas
Novo sistema de filtragem de rejeitos da Samarco

A Samarco deu início na quarta-feira (23/12), à produção de pelotas de minério de ferro em sua usina de pelotização em Ubu. A produção das primeiras pelotas marca o reinício das operações da Samarco, por meio das atividades integradas nos Complexos de Germano (MG) e Ubu (ES). 

Conforme o impacto material nas operações da Samarco detalhado na Licença Operacional Corretiva (“LOC"), a capacidade de produção inicial por meio de um concentrador é estimada em cerca de 7-8 milhões de toneladas de minério de ferro por ano (Mtpa), o que representa cerca de 26% de sua capacidade produtiva total.  

“Tomamos a decisão de retornar de uma forma gradual, com muita segurança e usando novas tecnologias. Este momento reflete o compromisso da empresa com o reinício sustentável, a segurança operacional, o meio ambiente e o relacionamento com as comunidades. Estamos comprometidos com uma mineração moderna, segura e sustentável”, destacou o diretor-presidente da Samarco, Rodrigo Vilela.  

Para o reinício gradual da produção, a empresa reativou um dos seus três concentradores, no Complexo de Germano, e a usina de pelotização 4, no Complexo de Ubu. Em outubro e novembro de 2020, foram realizados os comissionamentos a frio e a quente das estruturas, que são testes que verificam o funcionamento elétrico-mecânico dos equipamentos necessários para garantir a segurança das operações.

Segundo a mineradora, o cumprimento de todas as análises, estudos e ações necessários aos processos de licenciamento ambiental foram determinantes para o reinício das atividades da Samarco. A empresa obteve, em outubro de 2019, a Licença de Operação Corretiva (LOC) aprovada pela Câmara de Atividades Minerárias (CMI), do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). Entretanto, optou por reiniciar suas operações somente após a implementação do novo sistema e processos de disposição de rejeitos, que inclui a Cava Alegria Sul e a planta de filtragem de rejeitos para empilhamento a seco.

Sistema de filtragem de rejeitos

Para a operação do primeiro concentrador, a mineradora espera que o sistema de filtragem de rejeitos em funcionamento permita que cerca de 80% do total de rejeitos sejam empilhados a seco na Cava Alegria do Sul após o beneficiamento. Os 20% de resíduos remanescentes, compostos por água e finos de minério, serão levados para a Cava Alegria Sul, um espaço confinado em uma estrutura de formação natural rochosa que aumenta a segurança. No sistema de filtragem de rejeitos, a mineradora espera que toda a água extraída seja reutilizada nas operações, reforçando as práticas de sustentabilidade.

Ainda segundo a Samarco, a empresa está comprometida com a segurança de suas estruturas geotécnicas e conta com o Centro de Monitoramento e Inspeção (CMI), que atua em tempo real, 24 horas por dia, sete dias por semana. 

Segundo e terceiro concentrador

A Samarco estima que as mudanças nos critérios ambientais e regulatórios que afetaram o setor de mineração no Brasil durante o ano de 2019 influenciem significativamente os pressupostos relativos à mineração e à disposição de rejeitos que respaldaram o plano de negócios divulgado pela empresa em janeiro de 2019.  

Atualmente, os planos da empresa incluem o segundo concentrador sendo reiniciado em cerca de 6 anos para atingir um ritmo de produção de aproximadamente 14-16 Mtpa, e o reinício do terceiro concentrador deverá ocorrer em cerca de 9 anos, alcançando uma escala de produção de cerca de 22-24 Mtpa.

O ramp-up da produção de pelotas de minério de ferro da Samarco estará sujeito à obtenção dos recursos e das licenças ambientais e outras licenças necessárias e à aprovação dos acionistas. 

Atualização da logomarca

Como parte do processo de aprendizagem e de reinício operacional, a Samarco atualizou sua logomarca. A antiga, de 1992, foi substituída por uma versão mais moderna e representativa.  A nova identidade e o slogan “Aprender para evoluir e transformar”, segundo a Samarco, traduzem o momento atual da empresa, pautado pelas lições aprendidas, pela evolução e por mudanças necessárias para reconstruir as relações de confiança. A substituição das aplicações da logomarca em uniformes, placas e outros equipamentos ocorrerá de forma gradual.

Reparação dos impactos

A Samarco é uma empresa de capital fechado, uma joint venture de propriedade da Vale e da BHP Billiton Brasil Ltda. Com sede em Belo Horizonte (MG), é um empreendimento integrado, com duas unidades operacionais: o Complexo de Germano, em Mariana (MG), que contempla as minas e as plantas de beneficiamento de minério de ferro, e o Complexo de Ubu, em Anchieta (ES), onde estão as usinas de pelotização e o terminal portuário.

A Vale informou que a Samarco está avançando no descomissionamento da barragem de Germano, seguindo os padrões de segurança exigidos e que está comprometida com a estabilidade e segurança de suas estruturas geotécnicas, contando com o Centro de Monitoramento e Inspeção (CMI), que funciona em tempo real.

Ainda segundo um informativo da Vale, as três empresas continuam focadas na reparação integral das pessoas e áreas afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão.

A Fundação Renova é responsável pela execução dos programas de reparação dos impactos socioambientais e socioeconômicos e, até outubro de 2020, pagou indenizações e auxílios emergenciais para mais de 321 mil pessoas. Desde 2015, aproximadamente R$ 10 bilhões foram investidos nos 42 programas acordados no Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC), dos quais R$ 9 bilhões foram investidos em ações reparatórias e R$ 1 bilhão em ações compensatórias. Para 2021, espera-se que os programas e ações da Renova atinjam R$ 5,9 bilhões.