Projeto Santa Quitéria receberá investimento de US$ 400 milhões e operação é prevista para 2023

Governo do Ceará e Consórcio Santa Quitéria assinam Memorando de Entendimento

Por Conexão Mineral 01/10/2020 - 12:44 hs
Foto: Carlos Gibaja
Projeto Santa Quitéria receberá investimento de US$ 400 milhões e operação é prevista para 2023
Projeto Santa Quitéria deve gerar 2.500 empregos

O Governo do Ceará assinou em 28 de setembro o Memorando de Entendimento para a instalação na Usina de Itataia, em Santa Quitéria, um complexo minero-industrial para a produção conjunta de fertilizantes e nutrição animal. O projeto vai investir inicialmente US$ 400 milhões, prevê operação já em 2023, e deve gerar 2,5 mil empregos, dos quais 500 serão diretos, através do Consórcio Santa Quitéria, formado pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e indústria de fertilizantes Galvani. 

"Esse projeto é do Ceará, mas com certeza terá impacto em setores econômicos de todo o País. Minha palavra além do agradecimento, é de esperança. Esse era um projeto antigo que o Ceará almejava há muito tempo, e que vai gerar muito emprego e renda para o nosso Estado. Vamos ter uma demanda importante na produção de fertilizantes e suplementos na alimentação animal, onde podemos ser autossuficientes", celebrou o governador do Ceará, Camilo Santana.

O projeto foi repaginado para fazer um melhor uso e reuso da água na região de Santa Quitéria. Com o início dos estudos ambientais no último trimestre de 2020, o próximo ano tem como meta a conclusão de todo o projeto base e a estrutura financeira e societária. A região conta com uma das maiores reservas de urânio associado ao fosfato do planeta e vai tornar o Brasil autossuficiente no concentrado de urânio (ou yellow cake).

Para o secretário do desenvolvimento econômico e trabalho (Sedet), Maia Junior, não é apenas um projeto, mas um sonho que se torna realidade não apenas para Santa Quitéria, mas para o Ceará e para o Brasil. Representando o Ministério de Minas e Energia do Brasil, a secretária executiva Lillian Mascarenhas Santagostinho garantiu que "o projeto é prioritário para o Governo Federal, com várias ações efetuadas para proporcionar que esse projeto saia de um memorando para a realidade", afirmou.

Os processos resultarão primeiro na dissociação dos minerais, e gerarão a produção final de um carregamento de 50 mil carretas de yellow cake processados, para aquecer a economia da região de diversas maneiras, inclusive utilizando além das rodovias, os portos do Pecém e do Mucuripe.

Também presentes no evento, Ricardo Cavalcante presidente da Fiec, o prefeito de Santa Quitéria, Tomás Figueirêdo, e o presidente do INB, Carlos Freire Moreira. Para o presidente da INB, "a nossa recuperação econômica vai depender muito de empreendimentos que gerem empregos e agreguem valor, como esse que vamos instalar no Ceará, por isso acreditamos nessa parceria com Santa Quitéria e com o Governo do Ceará, que tem o meu agradecimento", disse

Geração de 500 empregos diretos

O acordo marca a definição do papel do Governo do Ceará no projeto com viabilização de infraestrutura básica, como  energia elétrica, recursos hídricos e acesso rodoviário, para que o investimento possa ocorrer. O governo estadual acenou ainda com a disponibilização de  estrutura em educação básica, capacitação técnica e apoio tecnológico. Serão realizados também estudos urbanísticos objetivando o desenvolvimento regional.

No acordo, as empresas que estão à frente do Projeto Santa Quitéria se prontificaram a implantar o complexo mineroindustrial de lavra e beneficiamento de minério para a produção de fertilizante fosfatado e concentrado de urânio,  com geração de postos de trabalho, que deverá chegar a 500 empregos diretos e 2 mil indiretos. Na etapa de construção serão 1,5 mil empregos. A massa salarial que será gerada pelo empreendimento atingirá cerca de R$ 25 milhões por ano, o que fomentará a economia da região.

Os empreendedores do Consórcio Santa Quitéria realizarão todos os estudos necessários para a obtenção do licenciamento do projeto, sendo todas as etapas informadas às autoridades estaduais. “Temos avançado muito no desenvolvimento do empreendimento. Será um projeto que buscará contribuir com o estado do Ceará, seja na geração de empregos e renda, bem como na construção de um complexo que será sustentável do ponto de vista socioambiental, permitindo que tenhamos oportunidade para todos”, afirmou Ricardo Neves, presidente da Galvani.

O Consórcio Santa Quitéria considera a assinatura do memorando de entendimento parte importante da retomada do empreendimento em Santa Quitéria para a viabilização do investimento de US$ 400 milhões. Além da relevância para o agronegócio brasileiro e para a produção de energia, a previsão é que o projeto também será relevante para a retomada econômica pós-pandemia. “Recentemente o Governo Federal incluiu o Projeto Santa Quitéria no PPI (Programa de Parcerias de Investimentos). Hoje, o Governo do Estado do Ceará assina conosco um memorando de entendimento muito importante para a sequência do projeto. Seguiremos os trâmites dos processos de licenciamento e avançaremos para a construção de um complexo que será muito importante para o Brasil e para o Ceará”,  destacou Carlos Freire, presidente da INB.

Complexo terá nova rota tecnológica para  produção de fosfatados e urânio

O Projeto Santa Quitéria prevê a construção e a operação de um complexo mineroindustrial na cidade de Santa Quitéria (CE), cuja finalidade será a produção anual de 500 mil toneladas de fertilizantes fosfatados, 250 mil toneladas de fosfato bicálcico (usado na nutrição animal) e de 1.600 toneladas de concentrado de urânio – que será convertido em hexafluoreto de urânio (UF6) no exterior,  retornando ao Brasil para uso na fabricação do combustível para o complexo de geração termonuclear de Angra 1, 2 e, futuramente, 3.

Um ponto importante do projeto será o incremento de recuperação dos minerais dos materiais que serão retirados da jazida. O aumento da produtividade, que poderá superar 90%, será possível a partir de uma nova rota tecnológica para a produção de fosfatados e de urânio, que também reduzirá o consumo de água e eliminará o uso de barragem de rejeito e de biomassa para a geração de energia.