Programa auxilia Yamana e Mineração Maracá a quantificar aceitação nas comunidades onde atuam

Ferramenta da australiana VoconiQ Engagement Science Insights tem cases de sucesso na Austrália e em quatro países da América Latina

Por Conexão Mineral 18/09/2020 - 13:36 hs
Foto: VoconiQ

Mensurar o nível de aceitação e de confiança de uma mineradora pelas comunidades, algo considerado até então um indicador de natureza qualitativa, é o mais recente estágio na evolução do processo conhecido no setor como ‘licença social’, porque reduz a influência da subjetividade na análise do tema.

Esta licença é um significativo componente para a competitividade e representa um desafio para a gestão das empresas, que precisam se dedicar a acompanhar, controlar e mitigar riscos no relacionamento com o público de interesse, em especial, as comunidades situadas nas regiões do entorno das minas e demais operações.

O Programa Local Voices tem cases de sucesso na Austrália e em quatro países da América Latina, inclusive no Brasil, onde já é utilizado por duas mineradoras: Yamana Gold e Mineração Maracá da Lundin Mining.

O programa busca dar voz às comunidades e fornece dados para a empresa em tempo real, de forma contínua e qualificada, por meio de pesquisas diretas com a população e outros canais de acesso. De acordo com a empresa, seu grande diferencial é a metodologia exclusiva empregada: a criação de um indexador de classe mundial, cientificamente comprovado, pelo qual é possível mensurar a percepção sobre os benefícios gerados pela empresa, como empregos e investimentos sociais, além dos impactos no cotidiano da comunidade, possibilitando medir a confiança e a aceitação em relação a empresa.  

A ferramenta inédita está sendo utilizada também para mensurar os resultados das ações das mineradoras relativas à pandemia do novo coronavírus. Na Austrália, a atuação da VoconiQ já avançou para outros setores produtivos, incluindo o programa nacional sobre confiança e aceitação das indústrias do setor agrícola. Após adaptar a solução à realidade brasileira e desenvolver os cases nas duas mineradoras, a australiana VoconiQ Engagement Science Insights está expandindo sua aplicação no setor mineral, tanto no Brasil quanto nos demais países mineradores da América do Sul. 

Instrumento para aprimorar gestão de riscos sociais

Ao quantificar um indicador que sempre foi qualitativo, as empresas conseguem calcular melhor seus riscos, aprimorar seus pontos de contato com a população, traçar planos de ação mais efetivos e tomar decisões aderentes às expectativas dos stakeholders. 

O trabalho de uma companhia de mineração influencia diretamente na rotina dos habitantes e na estrutura de um município ou toda uma região que a abriga. A percepção das atividades da mineradora pode ser influenciada por inúmeros fatores, como o comportamento dos colaboradores na cidade, a influência da empresa nas decisões municipais, os investimentos sociais, os empregos gerados, o apoio às empresas locais, as barragens de rejeitos e o nível de ruídos, entre outros impactos e benefícios.

Kieren Moffat, CEO da VoconiQ, afirma que “expectativas desalinhadas com a população local podem custar caro às empresas”. Ele acrescenta que mineradoras com canais sólidos de comunicação junto à população, dedicadas a identificar com precisão objetiva (e não apenas subjetiva) e a também a atender às expectativas desse público são mais bem aceitas, conseguem otimizar seus investimentos e estabelecem a confiança entre os atributos da marca. 

Para Kieren, os dados aumentam a capacidade das empresas relatarem os resultados sociais obtidos para o mercado e para os investidores, da mesma forma que já o fazem para a gestão de outros importantes riscos comerciais.

Segundo a coordenadora da América Latina da VoconiQ, Ana Lúcia Frezzatti Santiago, protocolos éticos internacionais e científicos são rigorosamente cumpridos em todas as etapas do Programa Local Voices. 

As pesquisas são orientadas pela empresa e executadas em campo por equipes capacitadas em coleta de dados na área social, de modo a adequar à metodologia à cultura e ao contexto local.

Para Ana Lúcia, conhecer como as comunidades percebem os impactos e benefícios das operações minerais pode auxiliar a empresa a aprimorar não somente o seu desempenho social, mas também as suas práticas ambientais, rotas logísticas, fornecedores locais, oferta de empregos, negociações e comunicação com os seus stakeholders.

O CEO Kieren Moffat lembra que mineradoras relatam que o uso do Local Voices contribui para melhorar os resultados de gestão de riscos de ESG, que são as melhores práticas ambientais, sociais e de governança, ao traduzir o desempenho social da empresa por meio de uma métrica quantitativa.

Os resultados da ferramenta, ainda segundo as mineradoras, como a Yamana Gold, comprovam um alcance de público maior do que metodologias tradicionais de contato com a população e, também, um feedback  mais especializado e detalhado, capaz de influenciar nas estratégias de comunicação com os moradores locais.

Em seu relatório de sustentabilidade 2019, a Yamana Gold, afirma que “o engajamento efetivo da comunidade significa transparência e diálogo responsivo – ouvindo e agindo com base no feedback da comunidade, e na medida do possível, envolvendo as partes interessadas nos processos de tomada de decisão”. 

Guilherme Araújo, Diretor de Saúde, Segurança e Desenvolvimento Sustentável da Mina da Chapada, Mineração Maracá da Lundin Mining, destaca o uso da ferramenta para “ajudar a prevenir e mitigar efeitos potencialmente indesejáveis de nossas operações e projetos, ao mesmo tempo em que maximiza oportunidades de geração de benefícios positivos, mantendo nossos valores de Segurança, Respeito, Integridade e Excelência”.

Yamana Gold usa o Programa Local Voices para gestão do seu desempenho social

A operação brasileira da Yamana Gold foi a primeira a utilizar em suas estratégias sociais os resultados do Programa Local Voices. “Nossa operação brasileira foi a primeira a ajustar a sua estratégia com base nos resultados da VoconiQ CSIRO. Os dados iniciais nos orientaram quais comunidades precisávamos priorizar e como deveríamos nos envolver, quais deveríamos aumentar a qualidade do engajamento não apenas dando voz às partes interessadas, mas envolvendo-as na tomada de decisões. Nossa operação reformulou suas estratégias de engajamento para fazer exatamente isso e os resultados foram muito positivos” lembra Aaron Steeghs, Diretor de Saúde, Segurança e Desenvolvimento Sustentável da Yamana Gold com sede em Toronto, Canadá. 

Em tempos do novo coronavírus, a ferramenta tem sido útil para gerar dados às empresas, tanto para mensurar quanto para tornar o seu relacionamento com as comunidades ainda mais assertivo.

A VoconiQ relata que a pandemia reforça a importância de ter sob estrito controle o grau de aceitação das mineradoras nas regiões onde atuam, uma vez que o setor é considerado atividade essencial e não precisou paralisar sua produção.

Na última rodada de pesquisas feita pela VoconiQ para a Yamana Gold, foram incluídos tópicos sobre a pandemia. Os resultados auxiliaram a mineradora a entender a percepção da comunidade. “Em relação à Covid-19, os dados indicavam que o nível de preocupação das comunidades é muito alto, mas de forma geral sentem que a empresa está fazendo um bom trabalho na resposta à crise. Precisamos continuar nossos esforços de comunicação que demonstram os rigorosos protocolos de segurança que implementamos e as contribuições para a comunidade”, reforça Aaron, da Yamana Gold.

A mineradora aponta como uma vantagem do Programa o fato de os dados não gerarem apenas uma pontuação de desempenho, mas também auxiliarem no engajamento das partes interessadas e na gestão de impactos, quantificando o quão importante é esse processo para aumentar a confiança das comunidades na empresa.

Os resultados apresentados no Relatório 2019 da YG - Material Issues Report, indicam, segundo a Yamana, “forte aceitação de nossa presença nas comunidades locais”. E também mostram uma licença social relativamente estável e melhorando nas operações da empresa, em comparação a 2018.

Programa auxiliou a Mineração Maracá a manter o seu desempenho social 

A Mineração Maracá, da Lundin Mining, iniciou o processo de avaliação pelo Programa Local Voices em 2018. Um dos principais benefícios da companhia ao utilizar a ferramenta foi tornar a análise dos dados referentes à licença social para operação mais objetivas, ou seja, menos influenciada por critérios subjetivos. 

Adicionalmente, o fato de a VoconiQ ser “uma instituição científica imparcial, a avaliação reduz significativamente o viés de confirmação que tendemos a assumir ao avaliar o nosso desempenho social” diz Guilherme Araújo, Diretor de Saúde, Segurança e Desenvolvimento Sustentável da Mineração Maracá da Lundin Mining.

De acordo com Guilherme, o nível de aceitação da Mineração Maracá pela população do território tem sido positivo ao longo dos anos. “Desenvolvemos planos para manter e aprimorar nossa licença social com a ajuda das análises proporcionadas pelos indicadores. Basicamente, buscamos a melhoria contínua nas áreas em que possamos prevenir e mitigar efeitos potencialmente indesejáveis, ao mesmo tempo em que maximizamos oportunidades de geração de benefícios duradouros”, afirma Guilherme

Ele explica que o objetivo deste processo é obter uma compreensão do relacionamento da operação da Mineração Maracá com a comunidade por meio da análise de dados, medindo o nível de licença social com menos subjetividade, e, portanto, com mais eficácia. “Assim, podemos compreender, avaliar e integrar melhor as considerações de desempenho social em nossos processos de tomada de decisão”, afirma.

A VoconiQ realiza uma série de pesquisas trimestrais de percepção da Mineração Maracá com foco na licença social, a fim de entender a percepção da comunidade e avaliar o desempenho da empresa em termos de engajamento.

“Essas pesquisas nos ajudam a medir o nível de confiança e aceitação de nossa operação pela comunidade. Isso se traduz em uma pontuação geral, que serve de indicador e de meta, e nos permite comparar e avaliar nossa evolução ao longo do tempo”, afirma Guilherme.