Amazônia: estudos mostram mais detalhes sobre a presença de fosfato, cobre, ouro, chumbo, zinco

Por Conexão Mineral 11/10/2019 - 12:12 hs
Foto: CPRM
Amazônia: estudos mostram mais detalhes sobre a presença de fosfato, cobre, ouro, chumbo, zinco
Geólogo Felipe Gradjean

Além de produtos finalizados e lançados pelo Serviço Geológico do Brasil, pesquisadores da CPRM também apresentaram resultados de suas pesquisas vinculadas aos projetos desenvolvidos na região Amazônica, durante o 16º Simpósio de Geologia da Amazônia, realizado no final de setembro, em Manaus. 

Dentro do âmbito dos projetos desenvolvidos na região da Província Mineral de Carajás (PA), novas idades de cristalização de rochas vulcânicas do Supergrupo Itacaiúnas foram apresentadas, como parte das pesquisas de doutorado de Ana Paula Justo, pesquisadora da SUREG-SP com o trabalho intitulado “U-Pb zircon age of the volcanism of the Itacaiúnas Supergroup Carajás Province, Amazon Craton, Pará, Brasil”. Além dos dados geocronológicos, a pesquisadora também apresentou na sessão pôster a diversidade geoquímica do vulcanismo neoarqueano no trabalho intitulado “Geochemical trends of the neoarchean volcanism (Itacaiúnas Supergroup) in the Carajás Mineral Province, PA”.

O trabalho intitulado “Change from dome–and–keel architecture to “modern–style” tectonics in the Carajás Province, Brazil” foi apresentando pelo pesquisador Felipe Grandjean da Costa (REFO). Desenvolvido no âmbito do Projeto “Geologia, recursos minerais e arquitetura crustal de Carajás”, apresentou discussão de modelos tectônicos associados a formação da crosta do planeta Terra durante o início de sua evolução. Com base na interpretação de dados geofísicos e geológicos da região da Província Mineral de Carajás, o trabalho ressaltou a estruturação de “Domos-e-Quilhas” no terreno Rio Maria, similar a outros domínios arqueanos do planeta. O trabalho ainda aponta para o registro da transição desta tectônica de “Domos-e-Quilhas” para um estilo de tectônica moderna, mais próximo da que conhecemos hoje como “Tectônica de Placas”. “O entendimento desta arquitetura crustal na Província Carajás, ainda está em desenvolvimento pelos geólogos do projeto, e será de suma importância para desenvolvimento de sistemas minerais na área, promovendo modelos metalogenéticos mais robustos, embasados na evolução crustal”, ressalta Felipe.

O geólogo Ulisses Costa da SUREG-BE apresentou o trabalho intitulado “Petrografia de rochas hidrotermalizadas do Setor Aquiri, oeste do Domínio Carajás, estado do Pará: uma análise preliminar” que traz dados inéditos sobre as alterações hidrotermais que estão associadas às mineralizações de cobre e ouro da porção oeste de Carajás, uma região com escassez de trabalhos de geologia mas com grande potencial para depósitos das já citadas commodities além de ocorrências de manganês e minério de ferro. O trabalho é parte do Projeto ARIM Carajás, que dentre outros temas incluiu mapeamento geológico e cadastramento de recursos minerais nas escalas 1:100.000 e 1:50.000.

O geólogo César Chaves (SUREG-BE) apresentou o trabalho intitulado “Fosfato na região de Monte Alegre (PA) – Borda Norte da Bacia do Amazonas”, que traz resultados finais sobre a pesquisa de fosfato na borda norte da Bacia do Amazonas, no âmbito do Projeto Fosfato Brasil - Fase III. Os dados obtidos corroboram os resultados alcançados por Correia Jr. et al. (2016), evidenciando a favorabilidade do Membro Urariá para se encontrar rochas fosfáticas e fosforitos formados no Neofameniano, Devoniano Superior. Teores anômalos de P2O5 foram identificados em concreções, e por serem ocorrências localizadas e sem continuidade, não se considera este tipo de mineralização viável economicamente, mas levantamentos de dados de subsuperfície podem fornecer maiores informações sobre possíveis mineralizações, já que a unidade é favorável a fosfogênese.

O geólogo Felipe Tavares apresentou o trabalho “Idades U-Pb por LA-ICP-MS em Zircão das Rochas do Grupo Jacareacanga, sudoeste do Domínio Tapajós”, onde foram apresentadas novas idades que datam fontes detríticas e metamorfismo de alto grau nestas rochas. O trabalho mostrou que as rochas paraderivadas do Grupo Jacareacanga se depositaram entre 2000 e 2050, relacionadas ao Arco Cuiú-cuiú, e que essas rochas foram submetidas a um metamorfismo de alto grau que gerou fundidos leucograníticos por volta de 1950 Ma. Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do Projeto ARIM Tapajós.

A geoquímica Marcely Neves (SUREG-BE) apresentou o trabalho “Geoquímica prospectiva na porção norte do Cráton Amazônico – reinterpretação de dados históricos de solo da área da RENCA”, em que foram organizadas, tratadas e reinterpretadas as informações referentes aos resultados analíticos de solo oriundos dos projetos históricos Cérbero I – área II (Malhas A,B,C, D e E) bem como os dados dos projetos Cérbero II e Cérbero II Alfa (Subárea I,II,III e IV), desenvolvidos na área da RENCA (Reserva Nacional de Cobre e Associados), durante a década de 80.  O trabalho mostrou que os resultados mais relevantes da geoquímica de solo estão posicionados paralelamente ao trend da Serra do Ipitinga (NW-SE), tendo sido identificado a associação de cobre, chumbo e zinco, como relacionada à mineralização de cobre.

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