CPRM apresenta estudo sobre mineralização de titanomagnetita vanadífera em Roraima

A ocorrência de TMV está situada no norte do Cráton Amazônico

Por Conexão Mineral 11/10/2019 - 11:55 hs
Foto: CPRM
CPRM apresenta estudo sobre  mineralização de titanomagnetita vanadífera em Roraima
Caneta imantada presa na amostra da rocha por atração magnética devido ao enriquecimento do minério

O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) descreveu a primeira ocorrência de mineralização de titanomagnetita vanadífera (TMV) no Escudo da Guianas, em Roraima, a partir de testemunhos de sondagens cedidos por companhia de mineração. Localizada na divisa com a Guiana, no município de Cantá, a identificação torna a área bastante promissora para pesquisa mineral, pois mineralizações semelhantes formam importantes reservas mundiais de ferro titânio e vanádio em outras regiões do planeta. É o caso do Escudo Báltico (Escandinávia) e Província Greenvile (Canadá).

A ocorrência de TMV está situada no norte do Cráton Amazônico. A região possui um substrato siálico formado por uma aglutinação de terrenos cuja formação teria sido iniciada no Paleoproterozoico e evoluído até o Mesoproterozoico. Esses terrenos formaram grandes massas continentais que entre 1780-1200 Ma estiveram unidas à região atualmente compreendida pelo Escudo Báltico, na Escandinávia, formando os supercontinentes Columbia e, posteriormente, Rodínia. 

O pesquisador da CPRM Luís Goulart explica que, devido às características geológicas, era esperada que fosse em algum momento encontrada uma ocorrência semelhante no Escudo das Guianas. “Devido ao contexto geotectônico em que o Escudo das Guianas está inserido, esta ocorrência de TMV abre perspectivas de outras ocorrências similares na região e consequentemente para investimentos em pesquisa mineral em busca de mineralizações de titânio e vanádio no norte do Cráton Amazônico, particularmente no estado de Roraima. Este trabalho, embora bastante preliminar em informações, sinaliza a oportunidade para investimentos do setor mineral a ser concentrados na região em busca de depósitos de titânio e vanádio”, destacou.

Titânio e vanádio são metais. O uso principal do vanádio está vinculado à indústria metalúrgica para produção de aços e ligas especiais destinadas a utilizações que requeiram materiais inoxidáveis, com elevada resistência mecânica e densidades relativamente menores. O Brasil historicamente sempre foi importador de vanádio. Atualmente está entre o seleto grupo de países produtores desse bem mineral, com a única mina em operação da América do Sul, localizado em Maracás (BA), cujo depósito possui capacidade responder a 8% da demanda mundial. 

Embora destinado a produção de ligas com características semelhantes ao vanádio, o titânio tem seu maior consumo na indústria química. O Brasil contribui com menos de 1% da demanda mundial, porém importa produtos químicos, manufaturados, semimanufaturados e produtos primários. As principais jazidas brasileiras estão associadas a depósitos sedimentares sendo as principais reservas situadas nos estados de Pernambuco, Rio de Janeiro, Goiás e Minas Gerais. 

Os resultados do estudo foram publicados no Informe Técnico da CPRM número 15.

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