Mulheres ocupam cerca de 39% dos cargos gerenciais
Mas ainda segundo dados do IBGE, ganham menos que os homens
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quatro milhões de mulheres entraram no mercado de trabalho nos últimos quatro anos. O aumento de 9,2% é significativo mesmo diante dos desafios no mercado de trabalho, que ainda paga menos para elas. De acordo com o instituto, em 2017, o salário médio pago às mulheres foi apenas 77,5% do rendimento pago aos homens no Brasil.
Mas o IBGE fornece um dado importante: 39,1% dos cargos gerenciais, tanto em empresas públicas quanto privadas, já são ocupados por mulheres. O caminho é longo e, para chegar aos cargos mais altos da empresa, elas enfrentam preconceito e acabam precisando dobrar o esforço para provar o seu valor. É preciso coragem, perseverança e competência.
Isso é algo que Aureclévea Coelho, 44 anos, gerente Técnica da Planta de Beneficiamento da Mineração Rio do Norte (MRN), tem de sobra. Há 23 anos na empresa, acumula diversas experiências que vão desde a operação de equipamentos pesados até a liderança de equipes.
Formada em contabilidade, Aureclévea entrou na MRN concorrendo com mais de 40 pessoas em um processo seletivo, sendo a única mulher. Obteve nota máxima na prova e seguiu para a próxima etapa, que era entrevista com psicóloga. Ela lembra que, estrategicamente, a psicóloga começou a falar que a função era pesada e perguntou se daria conta, já que na área a maioria era de homens. “Fui enfática: estou disposta sim. E desde então, fui ganhando o meu espaço. Em 1998, fui promovida para operador III. Foi uma oportunidade para aprender a operar diversos equipamentos, como recuperadores, empilhadeiras, britadores”, conta.
Em relação ao preconceito de colegas, ela afirma que quase não houve porque sempre teve uma postura firme. “Teve situações, por exemplo, de limpar uma correia e tirar uma sobrecarga, alguns colegas diziam ‘me dá aqui que eu faço’, eu dizia negativo, pode me dar e fazia o serviço. Nunca me esquivei por ser mulher. Realizava minhas atividades de igual para igual. Então eles começaram a me ver de outra forma e sempre quando tinha missão, já diziam: chama a Clévea”, diz orgulhosa.
Aureclévea foi a primeira mulher gerente Técnica da área de Beneficiamento. A gestora diz que as pessoas ficam impressionadas com essa conquista, mas que ela tem uma visão diferente desse protagonismo. “Nunca parei para pensar nisso porque para mim é algo normal. Nunca me coloco como a mulher, mas como a profissional, com a mesma capacidade, independente de gênero”, defende a gerente, que sonha com a formatura no curso de Processos Gerenciais, que concluirá este ano junto com o marido. “Conhecimento é a única coisa que ninguém tira de você. Quero ajudar meus filhos que começaram a ingressar na universidade. Mesmo que eu já tenha tempo de serviço para aposentar, não quero parar de trabalhar, de estudar. Falo para os meus filhos que a vida é dura para quem é mole”, ensina.
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