Relatório elaborado por professores da UFCG demonstra que não ocorreu transbordamento na Alunorte

Estudo se refere ao evento ocorrido em fevereiro e informa que refinaria pode operar a 100% de sua capacidade

Por Conexão Mineral 14/12/2018 - 15:10 hs
Foto: Hydro Alunorte

Simulações computacionais realizadas por professores da Universidade Federal de Campina Grande (PB) mostram que não houve transbordamento das áreas de depósito de resíduos da Alunorte em fevereiro de 2018. O estudo independente também conclui que a Alunorte, do ponto de vista da gestão de águas, pode produzir com segurança a 100% de sua capacidade.

No estudo divulgado pela Hydro, os pesquisadores simularam cenários de armazenamento de água, bombeamento e tratamento, considerando diferentes níveis de produção de alumina e precipitação utilizando plataformas de modelagem e simulação reconhecidas internacionalmente.

A equipe de pesquisa da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), composta por 14 pessoas, foi coordenada por Romildo Pereira Brito e Gilmar Trindade de Araújo, ambos professores da UFCG. O estudo foi publicado em 26 de novembro.

“É encorajador que agora temos um estudo independente que afirma que a Alunorte pode produzir com segurança a plena capacidade e que nossos projetos de melhoria contínua nos tornarão bem preparados para chuvas ainda mais pesadas do que as que vivenciamos em fevereiro. Juntamente com os relatórios e confirmações das autoridades brasileiras de que não tivemos nenhum transbordamento dos depósitos de resíduos, este estudo é uma confirmação importante de que a Alunorte é capaz de produzir com segurança”, afirma John Thuestad, vice-presidente executivo da área de negócios de Bauxita e Alumina da Hydro no Brasil.

Gestão de água

A Hydro tem projetos em andamento para fortalecer a capacidade de gestão de água da Alunorte, o que levará a refinaria de alumina a um novo padrão ambiental, segundo a empresa. A capacidade de armazenamento de água deverá ser aumentada em 350% (conclusão prevista para o final de 2018) e a capacidade da infraestrutura de tratamento de água será aumentada em 50% (conclusão prevista para o segundo trimestre de 2019).

O relatório independente atesta que as melhorias realizadas nas três frentes mencionadas (armazenamento, bombeamento e tratamento), estão corretamente projetadas e garantem a segurança das operações da Alunorte. As melhorias foram testadas para chuvas extremas que podem ocorrer apenas uma vez em 5.000 ou 10.000 anos. O estudo conclui que a Alunorte operaria com segurança diante dessas chuvas. Com a melhoria da capacidade de armazenamento e bombeamento, finalizada em dezembro de 2018, o estudo confirma que não haveria necessidade de usar o Canal Velho para liberar o excesso de água da chuva, o que foi feito como uma medida emergencial durante as fortes chuvas em fevereiro deste ano.

Conclusões do relatório

O texto a seguir foi extraído do item "Conclusões" do relatório apresentado pela Hydro:

Um rigoroso modelo matemático em regime transiente para o circuito de efluentes da Alunorte foi desenvolvido, com objetivo de avaliar diferentes cenários envolvendo precipitação pluviométrica, procedimentos operacionais, capacidades de armazenagem, de bombeamento e processamento de efluente.

O modelo consegue reproduzir os acontecimentos entre os dias 16 e 17 de fevereiro de 2018, conforme descrito pela equipe de engenheiros da Alunorte e verificado por análise documental e inspeções de campo durante o mês de outubro de 2018, de modo que fornece precisão suficiente para responder questionamentos oriundos de diferentes cenários, envolvendo: i) capacidades de armazenamento, bombeamento e processamento de efluentes; ii) níveis de produção de alumina e; iii) precipitação pluviométrica.

De acordo com os resultados das simulações:

▪ O nível das bacias do DRS 1 e do DRS2 não alcançou o valor máximo durante a precipitação pluviométrica

ocorrida nos dias 16 e 17 de fevereiro de 2018;

▪No dia 17 de fevereiro de 2018, o canal velho foi utilizado para escoamento do excesso de água de chuva captada na área da refinaria, numa decisão adequada, diante das circunstâncias, visando evitar um potencial risco ambiental;

▪Os resultados das simulações computacionais mostram que a redução do nível de produção de alumina da Alunorte não representa aumento na segurança operacional, visto que a capacidade de processamento da ETEI é significativamente maior do que a vazão de efluente gerada pela refinaria, e que esta tem baixa sensibilidade à variação do nível de produção;

▪A geração de efluente da refinaria da Alunorte representa entre 10 e 20% da capacidade de tratamento da ETEI;

▪ As melhorias implementadas ou em implementação na Alunorte, garantem que o sistema de gerenciamento de efluente suporta um evento como o ocorrido nos dias 16 e 17 de fevereiro de 2018, sem necessidade do uso do canal velho para escoamento do excesso de água de chuva;

▪ As melhorias implementadas ou em implementação na Alunorte, garantem que o sistema de gerenciamento de efluente suporta um evento de chuva com tempo de retorno igual à 10.000 e 5.000 anos, com duração de 12 e 24 h, respectivamente, sem necessidade do uso do canal velho para escoamento do excesso de água de chuva;

▪ As melhorias implementadas ou em implementação na Alunorte atende a NBR 13028 de 2017, à qual estabelece que os sistemas extravasores de estruturas geotécnicas com Dano Potencial alto devem ser dimensionados para um tempo de retorno de 1.000 anos ou superior, durante o período operacional da estrutura; e tempo de retorno de 10.000 anos ou superior para o período de fechamento da estrutura.

Diante do exposto acima, os pareceristas concluem:

▪ Atualmente, do ponto de vista do gerenciamento de efluente, é seguro a Alunorte produzir na taxa nominal de projeto de 6,3 milhões de toneladas métricas de alumina por ano;

▪Com os projetos de melhorias que estão sendo implementados, a Alunorte está preparada para possíveis futuras mudanças climáticas, que poderiam ocasionar eventos mais frequentes de chuvas extremas, já a partir de dezembro de 2018.