Rochagem é opção para reduzir a dependência brasileira de importações de fosfato e potássio

Por Conexão Mineral 23/03/2018 - 15:26 hs
Foto: CBPM

 

Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o Produto Interno Bruto (PIB) revelam que o agronegócio tem um peso significativo na geração de riquezas no País. Em 2017 o crescimento acumulado do setor foi de 14,5%. Neste contexto, a agricultura brasileira é reconhecida como uma das maiores produtoras e exportadoras de commodities agrícolas como café, algodão, milho, laranja, cana-de-açúcar, complexo de soja (farelo, óleo e grão). Contudo, a exploração prolongada, e em larga escala, provoca a poluição e deterioração do solo causada, mas os impactos ambientais podem ser reduzidos, ou até mesmo eliminados, com o emprego de tecnologia já existente.

A rochagem, tecnologia que possibilita o uso do pó de rocha diretamente no solo, constitui um insumo agrícola alternativo. Este produto é obtido através da moagem de alguns tipos de rochas ricas em macro e micronutrientes de dissolução lenta, os quais aplicados diretamente no solo contribuem para o incremento da reserva nutricional (remineralizador) do solo. Com adição destas substâncias no solo, a água, por meio de hidrólise, reage com este material pétreo, decompondo-o lentamente, liberando, de forma gradual, os seus componentes químicos. A calagem e a fosfatagem natural são processos semelhantes desta prática. A utilização de pó de rocha, até então visto como rejeito ou estéril, é uma maneira sustentável de reaproveitamento.

Como os solos baianos, sobretudo no semiárido, são pobres  de  macronutrientes, a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) vem estudando e analisando os domínios geológicos de rochas com teores de potássio (K) e fFosfato (P), de forma a possibilitar, no futuro próximo, condições para que mineradores e produtores rurais possam aprimorar suas culturas, através desta tecnologia com pouco investimento e baixo custo, diminuindo a dependência da importação de potássio (cerca de 90%) e fosfato (50%) utilizados na agricultura do País.

No Brasil existem estudos da Embrapa e da Universidade de Brasília (UNB) que, usando as rochas apenas moídas (brecha vulcânica alcalina, biotita xisto, flogopitito e ultramáfica alcalina) como fontes de potássio para soja e milheto, mostraram resultados promissores. A utilização da rochagem como adubação complementar em culturas oleaginosas mostrou resultados satisfatórios também nas análises químicas do solo em plantações de girassol, onde foi possível registrar que as condições de fertilidade se assemelhavam a outros tratamentos convencionais.

No Brasil especificamente, os trabalhos pioneiros chamaram a atenção para as potencialidades das rochas de Irecê, Jaguarari e Cruz das Almas, na Bahia; Cedro do Abaeté e Serra da Mata da Corda, em Minas Gerais. Um exemplo significativo de rochagem está situada em Ipirá (BA), onde uma mina produz 20t/ dia de calciossilicatica alterada fosfática e toda produção é vendida para região Oeste do Estado. 

 

A concentração de potássio e fosfato, nas rochas acima citadas e em outras como basaltos, ultramáficas, sienitos, calcissilicática, carbonatitos, etc., apresentam uma variação de teores de 2% a 6%, o que faz com que o transporte entre longas distâncias inviabilize sua utilização do ponto de vista econômico. Por esse motivo é necessário um estudo apurado nas regiões onde há incidência desses minérios, para que o transporte seja local ou regional e de baixo custo.