Dois profissionais da Unidade Juiz de Fora da Votorantim Metais participaram de um dos eventos de metais não ferrosos mais importantes da Europa. Os engenheiros Júlia Martins e Sérgio Penchel Júnior apresentaram trabalhos relacionados à recuperação e reciclagem de resíduos da metalurgia na Conferência Europeia de Metalurgia (EMC - European Metallurgical Conference), em Leipzig, Alemanha, nos dias 27 e 28 de junho. 

Este ano, o evento, cujo tema é “Produção e reciclagem de metais não ferrosos: economizando recursos para um futuro sustentável”, reúne trabalhos que revelam os esforços da indústria para enfrentar os desafios do mundo globalizado, fornecendo importantes contribuições para o futuro. No encontro, sustentabilidade e indústria serão pauta para discussões relacionadas à tecnologia, ecologia e economia.

A Unidade Juiz de Fora se destaca nesse contexto, sendo a primeira operação a ter uma planta de Polimetálicos no Brasil. A estrutura, instalada em 2007, tem a capacidade de reciclar resíduos internos da Votorantim Metais, pó de aciaria elétrica, pilhas alcalinas, entre outros produtos, com o objetivo de reduzir o consumo de matéria prima e contribuir para a destinação responsável de resíduos industriais.

“Incentivamos nossos profissionais a terem um olhar diferenciado para a operação, buscando alternativas sustentáveis tanto para o meio ambiente quanto para o negócio da Companhia. Os trabalhos apresentados nessa conferência, de relevância mundial, nos deixam orgulhosos e certos que estamos investindo em uma operação cada vez mais responsável e promissora”, afirma Adelson Dias, gerente geral de Tecnologia da Votorantim Metais.

Objetivo: Resíduo Zero

Em parceria com o Senai Cimatec e Embrapii, a Unidade Juiz de Fora da Votorantim Metais construiu uma planta-piloto para testar uma rota de tratamento para os resíduos hidrometalúrgicos gerados pela empresa e transformá-los em produtos. A nova estrutura, implantada na cidade de Simões Filho, na Bahia, a 35 km de Salvador, foi sede de aproximadamente 50 testes, que processaram cerca de três toneladas do rejeito. O procedimento, além de tornar o resíduo inerte, estável e de fácil deposição – a escória –, recuperou a maior parte dos metais estratégicos para a companhia: zinco, chumbo, prata e indio.

Liderado pelo consultor de Engenharia da empresa, Sérgio Penchel, o projeto teve início em 2015, e busca dar uma destinação ambientalmente responsável para todo o resíduo gerado e estocado na Unidade Juiz de Fora, além de contribuir para o crescimento do negócio da Votorantim Metais, uma vez que ele possibilita a recuperação de quatro metais com valor agregado considerável. A nova tecnologia ainda precisa passar por testes em maior escala e ajustes operacionais para então ser concluída e implantada.

“O projeto ainda está em andamento, mas já demonstrou ser uma alternativa sustentável para zerar os resíduos da Unidade Juiz de Fora, eliminando a necessidade de uma barragem, por exemplo”, destaca Sérgio. De acordo com ele, mesmo a escória produzida poderia ser destinada para a indústria cimenteira ou para a pavimentação de estradas, transformando a unidade em Resíduo Zero. Todo o estudo, intitulado “Recuperação de Metais e inertização dos resíduos da VMH-JF”, foi apresentado no dia 27, terça-feira.

Eliminando resíduo de outras indústrias

Júlia Martins, engenheira de Tecnologia da Unidade Juiz de Fora da Votorantim Metais, apresentou, na quarta-feira, 28, o estudo “Recuperação de cobre e zinco de cinzas de latão da extração por solventes”, tema também de seu mestrado, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Iniciada no final do ano passado, a pesquisa buscou criar uma solução para recuperar zinco e cobre – matéria prima da empresa – das cinzas de latão, resíduo gerado na fundição do latão, por indústrias que produzem peças dessa liga, como torneiras, tubulações, entre outros. Depois de passar por testes de bancada, realizados na planta-piloto da própria empresa, o projeto conseguiu recuperar 90% de zinco e gerar um concentrado com 42% de cobre.

A motivação para o desenvolvimento da pesquisa partiu da oportunidade de se processar esse resíduo da fundição do latão que contêm teores elevados de zinco e cobre. Atualmente, é possível trabalhar em apenas parte desse material, por limitações técnicas. Completamente desenvolvida, ela teria um ganho ambiental, uma vez que o resíduo deixa de ser estocado no meio ambiente e passa a ser recuperado para produção de metais, e um benefício para os negócios da Votorantim Metais, que terá mais disponibilidade de matéria-prima alternativa para sua produção. “Utilizamos uma tecnologia de extração por solventes, que é resumidamente fazer uma contactação entre uma solução orgânica e a cinza de latão após ser solubilizada em uma solução aquosa, que captura os metais de interesse para a companhia, como zinco e cobre”, explica Júlia. Ainda de acordo com ela, esse procedimento é aplicável industrialmente e, depois de concluído, poderá ser implantado na Unidade Juiz de Fora. Os estudos para a qualificação do projeto terão continuidade em julho deste ano, com testes em escala piloto.