Siderúrgica do Pecém é inaugurada oficialmente em Fortaleza

Investimento de R$ 13,8 bilhões é o maior da iniciativa privada na região Nordeste

Por Conexão Mineral 06/04/2017 - 11:49 hs
Foto: Vale
Siderúrgica do Pecém é inaugurada oficialmente em Fortaleza
Durante o evento foi realizado o fechamento de uma cápsula do tempo com depoimentos de empregados

A Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), uma joint-venture formada pela Vale (50%) e pelas empresas sul-coreanas Dongkuk (30%), maior compradora global de placas de aço, e Posco (20%), 4ª maior siderúrgica do mundo e a primeira da Coreia do Sul, foi inaugurada oficialmente no dia 04, em Fortaleza (CE). A CSP é o maior investimento privado na região Nordeste do Brasil, com aplicação de recursos da ordem de R$ 13,8 bilhões.

O evento contou com a participação de empregados da usina, acionistas, fornecedores, empresários, formadores de opinião, comunidades vizinhas, autoridades, além de comitivas da Coreia do Sul e de autoridades do Governo do Estado do Ceará.

Camilo Santana, governador do Ceará, enfatizou que a instalação da área de indústria no Pecém significa um processo de mudança no perfil econômico do Estado e geração de novas oportunidades. Segundo ele, o Produto Interno Bruno (PIB) do Ceará aumentará em mais de 10% com as atividades da CSP, e que suas atividades representarão 50% do total do PIB industrial cearense. "Eu gostaria que todos os cearenses tivessem a oportunidade de conhecer a siderúrgica do Pecém. Talvez a gente não tenha a dimensão do que representa esse empreendimento dentro de um Estado do Nordeste, um Estado pobre e que quase todo ele está no semiárido. A Companhia Siderúrgica do Pecém é uma realização histórica, que traz um novo campo de investimentos e oportunidades para o povo do Ceará", disse o governador.

As placas de aço produzidas pela CSP já foram exportadas para diversos países como Alemanha, Coreia do Sul, Estados Unidos, Indonésia, Itália, Marrocos, México, Reino Unido, República Tcheca, Tailândia, Taiwan e Turquia, espalhados em quatro continentes (Ásia, Europa, Américas e África). Para o ano de 2017, a empresa estima exportar cerca de 2,899 bilhões t de placas de aço, com previsão de faturamento de US$ 1,06 bilhão. Na cadeia produtiva local, a siderúrgica estima movimentar R$ 520 milhões ao longo deste ano.

A operação da CSP impacta positivamente a balança comercial do Estado. O valor das exportações cearenses em fevereiro de 2017 foi de US$ 175,4 milhões, ante US$ 80,9 milhões registrado no mesmo mês do ano anterior – um aumento de 116,76%, conforme o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), ligado à Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do Ceará (Seplag). O grupo Produtos Metalúrgicos é atualmente o mais importante da pauta de exportação do Estado com 61,1% do volume total. Foram US$ 197,152 milhões exportados nesta categoria no ano passado, uma performance 926% maior do que em 2015, com US$ 19,214 milhões.

A CSP já recebeu a certificação de produtos para aplicação naval, uma exigência do mercado, de sete agências certificadoras (DNV-GL, RINA, RS, IRS, CCS, ABS e KR), e outras três (LR, BV e NK) estão em fase final de aprovação. Outra certificação obtida é a RoHS, que regula os teores de substâncias nocivas nos produtos destinados ao mercado europeu, o que possibilita o aumento de portfólio de produtos. A nova meta para 2017 é conquistar a certificação TUV AD200-W1, para aplicações em equipamentos de linha amarela.

Baixo consumo de água

Mais de R$ 1 bilhão foi investido em equipamentos e processos de controle ambiental em todas as plantas da usina e outros R$ 3 milhões anuais são destinados para monitoramento ambiental. Como resultado desses esforços, a CSP consome aproximadamente 50% a menos de água para cada tonelada de aço bruto produzido do que a média do setor no país, e reutiliza 98% da água que circula em todo o processo produtivo.

A siderúrgica reaproveita 100% dos gases do processo produtivo para gerar a energia que consome, exportando o excedente para o Sistema Interligado Nacional (SIN). Somente em fevereiro/17, a CSP injetou no sistema 153.582 MWh, energia suficiente para alimentar aproximadamente 1.023.000 residências por um mês.

Capacitação de mão-de-obra local

Com 75,4% das vagas operacionais preenchidas por cearenses, a CSP tem um quadro de 2.600 profissionais. Desses, 668 são ex-alunos do Programa de Qualificação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-CE), que contou com investimentos de R$ 5 milhões. Indiretamente são 2.800 vagas abertas com fornecedores internos, 4.000 vagas com fornecedores externos e 8.000 oportunidades indiretas. Número esse que foi maior durante a construção da siderúrgica, que empregou cerca de 23.000 pessoas. Este período movimentou R$ 14,8 bilhões no mercado local.

Um novo convênio com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Ceará (Senai-CE) foi assinado no último mês de janeiro. O Programa Jovem Aprendiz CSP, com a primeira turma de 35 alunos tendo iniciado a capacitação em março, é parte do compromisso da empresa com o desenvolvimento social e econômico na região e prevê o investimento de R$ 1,1 milhão em treinamentos somente em 2017. Desde a constituição da CSP, em 16 de abril de 2008, R$ 222 milhões já foram investidos em capacitação de mão-de-obra, seja em plantas siderúrgicas no Brasil ou no exterior, além de cursos internos.

A CSP absorve um percentual maior de mulheres (11,4%) do que a média do setor nacional (8%). Atualmente são 294 profissionais que integram a força feminina da empresa, ocupando posições importantes em várias áreas, como no Laboratório Central, o mais moderno do setor no Brasil, e na Sala de Controle.

Cápsula do tempo

O diretor-presidente da Vale, Murilo Ferreira, recebeu parte da primeira placa de aço produzida na siderúrgica. Ele também participou de um momento simbólico: o lacre da cápsula do tempo com depoimentos dos empregados, acionistas e demais públicos de relacionamento da empresa, sobre como imaginam a CSP daqui a 10 anos. A cápsula de aço será enterrada no dia 16 de abril, data em que a empresa comemora nove anos de constituição, ao lado do cajueiro histórico que foi preservado na área interna da usina e só será aberta em 2027.